Depois de repercussão, Ucrânia retira nome de Lula de lista ‘pró-Rússia’
Não se sabe até o momento o motivo da exclusão e, procurado por VEJA, Centro para Contenção de Desinformação não respondeu
O nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi retirado de uma lista organizada pelo governo da Ucrânia de pessoas que “promovem narrativas da propaganda russa”, dois dias depois de ampla repercussão do caso na mídia brasileira. O documento elaborado pelo Centro para Contenção de Desinformação também teve modificações em outros dois dos 78 nomes citados.
Não se sabe até o momento, no entanto, o motivo da exclusão. Como os três nomes retirados estavam citados em sequência no documento, especula-se a possibilidade de uma adversidade técnica. Procurado por VEJA, o Centro para Contenção de Desinformação não respondeu.
A entidade foi criada no ano passado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para tentar combater o que considera manipulações e informações enganosas disseminadas por Moscou. Lula, que era o único brasileiro, foi incluído na lista, segundo o documento, após afirmar que Zelensky seria tão culpado pela guerra quanto o presidente russo, Vladimir Putin.
A fala em questão foi feita em uma entrevista à revista americana Time em maio. Segundo Lula, Zelensky, que permaneceu no país durante toda a guerra e faz aparições inspiracionais na televisão, tem um pouco de culpa. A falta de negociações para o fim da guerra se deveria, em parte, ao desejo do ucraniano de permanecer sob os holofotes – afinal, ele é um comediante e estrela de televisão.
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“Esse cara é tão responsável quanto Putin pela guerra. Porque na guerra não há apenas uma pessoa culpada”, afirmou. Ele completou que a celebração de Zelensky pelos líderes ocidentais o “encoraja, então ele pensa que é a cereja do bolo”.
“Devíamos ter uma conversa séria. O.k., você era um bom comediante. Mas não vamos fazer guerra para você aparecer na TV”, disse Lula.
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O caso, no entanto, não é a primeira vez que o governo ucraniano cita algum candidato à eleição no Brasil. Na semana passada, durante telefonema, Zelensky falou ao presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, sobre o dever de aderir sanções contra a Rússia. Em um tuíte publicado pelo ucraniano após o telefonema, o ucraniano afirmou que os dois líderes discutiram a crise provocada pelo cerceamento das exportações de grãos do país pelo exército russo, que bloqueia os portos desde a invasão no dia 24 de fevereiro.
“Eu o informei sobre a situação no front. Discutimos a importância de retomar as exportações de grãos ucranianos para evitar uma crise alimentar global provocada pela Rússia”, disse Zelensky.