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‘Deram 95% de chance que ela fora sequestrada’, disse tio de Celeste

A jovem de 18 anos sumiu depois da invasão do Hamas e recentemente seu corpo foi encontrado sem vida

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 out 2023, 18h43 - Publicado em 17 out 2023, 17h31
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  • O maior combustível da vida é a esperança. Durante dez dias, a família Fishbein procurou incessantemente pelo paradeiro da jovem, de 18 anos, que desapareceu logo depois do bombardeio e da invasão das tropas do Hamas a Be’eri, o kibutz onde o clã morava, localizado quase na fronteira da Faixa de Gaza. Nesta terça-feira, 17, a esperança foi vencida pela realidade brutal de uma guerra, que surpreendeu o mundo pela execução fria e indiscriminada de civis, que pareciam ser o principal alvo. O corpo de Celeste foi encontrado e identificado pelas autoridades de Israel. Até então família acreditava que ela estivesse viva entre os reféns do Hamas.

    Os Fishbein são muito unidos. Brasileiros, descendentes de judeus da Romênia e da Ucrânia, mudaram para Israel há mais de cinco décadas. Uma parte da família se estabeleceu em Be’eri, comunidade agrícola, com 900 habitantes, que foi destruída, no sábado, 7. Celeste morava com a avó, a mãe e o irmão. Trabalhava em uma escola, como auxiliar do Jardim da Infância. Festeira, cheia amigas, e muita simpática, no dia da invasão, ela estava na casa do namorado –e não com a família. Era um feriado, dia de festividade e descanso.

    Mas começaram os bombardeios e os moradores se protegeram nos bunkers. “Enquanto estávamos escondidos, Celeste passou uma mensagem”, conta o tio Mario, guia turístico de 67 anos, irmão da mãe dela. “Minha sobrinha avisou que não abríssemos as portas dos bunkers, porque agentes infiltrados do Hamas estavam se passando por soldados israelenses e executando as pessoas.” E, de fato, houve tentativa de invasão do esconderijo onde se abrigavam.

    Depois de mais de 20 horas confinados na escuridão, sem água e comida, os Fishbein conseguiram sair do bunker, resgatados por verdadeiros soldados israelenses. Todos foram encaminhados para o ônibus de resgate. No caminho para o transporte, na confusão, a avó foi alvejada na nuca e o irmão, na perna –mas não morreram.

    Assim que foram liberados, Mario foi à casa do namorado de Celeste, procurá-la. Mas não encontrou ninguém. “O local estava vazio, mas sem traços de violência.” Foi então que começaram as buscas pela jovem. No sábado, 14, a família soube que o celular de Celeste tinha sido localizado em Gaza. Como até então o corpo dela não havia sido encontrado, as autoridades deduziram que estivesse entre os sequestrados. “Deram 95 porcento de chance”, conta Mário. A notícia, apesar de ser ruim, trazia esperança de reavê-la com vida. Por este motivo, a foto de Celeste foi parar no mural público, montado pelas famílias dos sequestrados. Nesta terça-feira, tudo mudou. “Encontraram o corpo dela. Não sei ao certo onde. Acho que ela foi executada a caminho de Gaza, mas não me deram muitos detalhes”, conta Mário. “Tudo aqui é incerto.”

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