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Desfile anual de israelenses em Jerusalém provoca conflitos com palestinos

A caminhada, realizada perto do pôr do sol, relembra captura e ocupação de Jerusalém Oriental, incluindo espaços sagrados, na Guerra dos Seis Dias, em 1967

Por Da Redação
Atualizado em 5 jun 2024, 23h02 - Publicado em 5 jun 2024, 16h31

Milhares de israelenses religiosos e nacionalistas desfilam nesta quarta-feira, 5, nas ruas da Cidade Velha de Jerusalém para celebrar o Dia da Bandeira, um evento anual que desencadeou 11 dias de guerra entre Israel e o grupo palestino radical Hamas em 2021. O trajeto percorre o bairro muçulmano, do Portão de Damasco rumo ao Muro das Lamentações, agitando a famosa bandeira azul-branca do Estado de Israel.

A caminhada, realizada perto do pôr do sol, relembra a captura e ocupação da metade oriental de Jerusalém, incluindo espaços sagrados, na Guerra dos Seis Dias, em 1967 — uma dura lembrança para a população muçulmana e palestina que habitava a região na época. O desfile é marcado por violentos embates, provocados por discursos de ódio anti-árabes e pelo vandalismo de propriedades de palestinos por israelenses.

As tensões são ainda mais graves neste ano, em meio ao conflito entre Israel e Hamas, às vésperas de completar oito meses. Em comunicado, o o grupo palestino advertiu o governo israelense das “consequências da continuação destas políticas criminosas contra as nossas santidades, no centro das quais está a abençoada mesquita de al-Aqsa”, ao mesmo tempo em que instigou palestinos a responderem às provocações num “dia de raiva”.

Mas a presença de reservistas do Exército de Israel, com pistolas e rifles, e de jovens nacionalistas judaicos levou parte dos moradores palestinos a fecharem as portas e as janelas para evitar confrontos. Em 2022, 79 palestinos ficaram feridos por sprays de pimenta. Desse número, 28 precisaram de atendimento hospitalar, de acordo com a emissora árabe Al Jazeera.

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Monte do Templo

A presença de mais de 3 mil policiais uniformizados e à paisana, no entanto, parecem não terem sido suficientes para conter os choques, à medida que ativistas de esquerda israelenses, jornalistas e manifestantes palestinos responderam a vaias de “morte aos árabes” na Cidade Velha. “Esses caras são cristãos e muçulmanos. Eles não gostam de nós e nós não gostamos deles. Hoje é para celebrar o retorno dos judeus a Jerusalém depois de 2.000 anos. Estamos mostrando a eles quem é o dono deste lugar”, disse Ori, de 18 anos, ao jornal britânico The Guardian.

Acredita-se que o ministro da Segurança Nacional de Israel, ultradireitista e anti-árabe, Itamar Ben-Gvir, participe da marcha no anoitecer. Em entrevista à Rádio do Exército, ele disse que “os judeus subirão ao Monte do Templo” — lugar mais sagrado para o judaísmo e terceiro mais sagrado para o islamismo, ponto de conflitos constantes. Em razão de acordos de longa data, judeus podem visitar o espaço, mas não podem rezar por lá. A declaração do ministro, então, aumenta o receio palestino de que Israel anexe a área.

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