Um plano secreto da Rússia para desestabilizar e controlar o território da Moldávia nos próximos 10 anos foi revelado nesta sexta-feira, 17. As informações inéditas foram obtidas por um consórcio de mídia que inclui as empresas VSquare e Frontstory, RISE Moldova, Expressen na Suécia, Dossier Center for Investigative Journalism, Yahoo News e Delf.
Com o título “Objetivos estratégicos da Federação Russa na República da Moldávia”, o documento organizado pelo serviço de segurança da Rússia, o FSB, detalha supostas estratégias de curto, médio e longo prazo para impedir a aproximação da Moldávia ao Ocidente, especialmente de sua principal aliança militar, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
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Os supostos objetivos do plano incluem tornar a Moldávia dependente do gás russo, incentivar conflitos sociais internos e evitar a influência do país na Transnístria, uma região separatista que concentra grupos a favor do Kremlin.
Como estratégia final, Moscou estabeleceria a “criação de grupos de influência pró-Rússia estáveis nas elites políticas e econômicas da Moldávia” e “a formação de uma atitude negativa em relação à Otan”.
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A Rússia, no entanto, nega a criação do documento. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a revelação se tratava de uma possível farsa e lamentou que a Moldávia esteja aderindo a preconceitos contra Moscou.
“A Rússia sempre esteve e continua aberta a construir relações de boa vizinhança e mutuamente benéficas, inclusive com a Moldávia”, disse Peskov.
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Em fevereiro, o Ministério da Defesa russo acusou Kiev de planejar uma invasão ao território da Transnístria após uma suposta organização militar em áreas fronteiriças – o que autoridades ucranianas desmentiram. Ainda no último mês, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anulou um decreto que garantia a soberania da Moldávia.
A Ucrânia e os Estados Unidos têm feito sucessivos alertas a respeito da segurança na região. A Casa Branca, inclusive, chegou a emitir um comunicado indicando que “atores russos, alguns com vínculos atuais com a inteligência russa, estão tentando usar protestos na Moldávia como base para fomentar uma insurreição fabricada contra o governo moldavo”.
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No final de 2020, Maia Sandu tornou-se presidente da Moldávia com uma plataforma simpática ao Ocidente e planos para se juntar à União Europeia, substituindo Igor Dodon, aliado de Putin. Sua chegada ao poder gerou uma série de protestos do partido pró-Rússia Shor, liderado por um empresário condenado por fraude na Moldávia, que supostamente está em Israel.
Com o aumento da tensão, na segunda-feira, 13, a polícia local prendeu sete manifestantes pró-Rússia, sob suspeita de conspiração contra o governo, e um suposto agente do grupo mercenário russo Wagner, que tentou entrar no país.
Após a invasão russa ao território ucraniano, em fevereiro do ano passado, o então comandante da Região Militar Central da Rússia, Rustam Minnekaev, disse que a “operação militar especial” tinha como finalidade consolidar um corredor através do sul da Ucrânia para a região da Transnístria. Especialistas acreditam que a anexação da área por Moscou renderia uma posição estratégica ao Kremlin.