Dominicanos protestam contra lentidão em processo envolvendo Odebrecht
Segundo delações no Brasil e nos EUA, empresa pagou 92 milhões de dólares em subornos para obter contratos com o governo dominicano entre 2001 e 2014
Manifestantes se reuniram neste domingo (12), debaixo de chuva, na capital da República Dominicana para protestar contra a impunidade e a lentidão em um processo judicial sobre subornos milionários pagos pela empreiteira Odebrecht a autoridades locais.
Entre os manifestantes da chamada “marcha do milhão” estavam líderes de partidos da oposição. Os participantes se reuniram de manhã no centro da capital, Santo Domingo, de onde começaram a caminhar em direção ao prédio que abriga o Supremo Tribunal de Justiça e a Procuradoria Geral.
A manifestação, a maior deste ano, ocorre em um momento em que o Poder Judiciário realiza as audiências preliminares para determinar se há provas para enviar a julgamento os oito acusados de receber subornos, incluindo ex-ministros e legisladores.
Segundo delações de executivos da Odebrecht perante autoridades do Brasil e dos Estados Unidos, a empresa pagou 92 milhões de dólares para obter contratos com o governo dominicano entre 2001 e 2014.
A investigação “é uma caricatura que não garante justiça”, disse a ex-líder do sindicato de professores María Teresa Cabrera. Ela é uma das porta-vozes do chamado Movimento Marcha Verde, que surgiu para exigir a investigação sobre o caso.
De acordo com a porta-voz, “há muitas pessoas que nem sequer foram investigadas” pela Procuradoria Geral da República.
Após um ano e meio de investigações, a Procuradoria Geral da República apresentou acusações em junho contra o representante comercial da Odebrecht, Ángel Rondón, e oito ex-funcionários e legisladores por suspeita de terem recebido subornos da empresa brasileira.
Devido às constantes objeções apresentadas pelos acusados, as audiências preliminares iniciadas em 6 de julho foram adiadas várias vezes. A próxima está agendada para 23 de agosto.