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Donald Trump e a árdua tarefa de governar

As únicas promessas que o republicano conseguiu cumprir foram as que não dependiam de outros poderes

Por Angela Nunes 29 abr 2017, 17h43

A campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos foi calcada em promessas populistas, feitas na medida para agradar seu eleitorado. A construção do muro na fronteira com o México, a expulsão dos imigrantes e a extinção do Obamacare foram algumas delas. Assim que assumiu o cargo, no entanto, Trump mudou o tom – em alguns casos, amenizou o discurso radical, em outros, enfrentou mais dificuldades do previa para aprovar suas propostas e foi forçado a recuar.

Veja as principais metamorfoses na fala do líder americano:

 Muro do México

Uma das principais promessas durante a disputa pela Casa Branca, a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México ficou nas sombras nos primeiros três meses de governo. Depois de algumas derrotas políticas significativas e com a popularidade em baixa, Trump colocou novamente o projeto em primeiro plano e pressionou o Congresso para que incluísse seu financiamento no Orçamento.

Não deu certo e, ante a ameaça de paralisação do governo por falta de consenso da legislação orçamentária, disse que pode esperar até outubro para incluir a verba para o muro no planejamento  orçamentário do próximo o ano fiscal .

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Antes de ser eleito, Trump afirmou categoricamente que a controversa barreira, de custo estimado pelo Departamento de Segurança Nacional em 21,6 bilhões de dólares, seria paga pelo país vizinho. Agora, sem especificar como ou quando se dará esse pagamento, disse pelo Twitter que “eventualmente, mas em data mais adiante, o México pagará, de alguma forma, pelo muito necessário muro”.

Obamacare

Outra pedra fundamental de sua campanha presidencialista, a revogação imediata do Obamacare, esfacelou-se por falta de apoio de seu próprio partido. O presidente foi forçado cancelar a votação no Congresso que faria alterações no plano de saúde implantado pelo ex-presidente Barack Obama ao constatar que não teria os votos necessários.

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O recuo forçado foi a maior derrota de Trump nestes primeiros 100 dias de governo. Em vez de exterminar o Obamacare, Trump passou a barganhar com o Congresso o subsídio do programa de seu antecessor em troca da aprovação do financiamento do muro na fronteira com o México.

Política isolacionista

Donald Trump precisou de apenas dois meses à frente do governo americano para descartar o posicionamento defendido durante a campanha. Ao bombardear a Síria, no começo de abril, como retaliação ao ataque químico que matou mais de 80 civis, atribuído a Bashar Al-Saad, firmou-se como um líder intervencionista.

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Durante sua campanha, Trump criticou as intervenções militares no Oriente Médio e defendeu que os Estados Unidos deveriam preocupar-se apenas com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e deixar de ser a “polícia do mundo”.

Em 2013, muito antes de pleitear a liderança do país, posicionou-se contra um possível ataque ao país árabe e apelou ao então presidente Obama: “Não ataque a Síria. Não há vantagens e há tremendas desvantagens”, disse no tuíte abaixo:

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Trump parece ter tomado gosto pela ofensiva e, após o ataque à Síria ter refletido positivamente na opinião dos americanos, o presidente virou o foco para a Coreia do Norte. A crescente tensão entre os dois países é cercada de ameaças verbais e demonstrações de força, como o envio de um porta-aviões e um submarino nucleares para a costa coreana.

Otan

Durante a campanha eleitoral, Trump disse que se afastaria da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), que classificou como “obsoleta” e acusou de não estar a altura dos desafios globais atuais.

No início de abril, voltou atrás. Depois de encontrar-se com o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, declarou que a Otan “já não é obsoleta”. Em coletiva de imprensa conjunta, afirmou que a organização é uma “aliança estratégica importante para o combate ao terrorismo”.

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Imigração

Depois de afirmar categoricamente que todos os imigrantes ilegais seriam expulsos do país e proibir a entrada de muçulmanos e de refugiados nos Estados Unidos, o presidente está muito distante de cumprir com o prometido.

No primeiro caso, Trump amenizou as ameaças aos  onze milhões de imigrantes ilegais e declarou que os jovens sem documentos que entraram nos Estados Unidos quando eram crianças “podem ficar tranquilos”. Em entrevista para a agência Associated Press no final de abril, disse que “não está atrás” desses jovens e que eles não devem ser deportados.

Na outra frente, os dois decretos regulamentando a proibição da entrada de pessoas de países muçulmanos e refugiados foram derrubados pela Justiça.

China

As acusações de que a China manipularia sua moeda para obter vantagens comerciais, acompanhadas da promessa de combater a prática com pesadas tarifas comerciais, evaporaram-se pouco antes do encontro do presidente americano com o líder chinês Xi Jinping, em abril.

A aproximação do país asiático tornou-se fundamental com o agravamento das relações entre Trump e a Coreia do Norte. Xi Jinping tem grande influência no país norte-coreano e é a melhor aposta para combater estrategicamente o programa nuclear de Kim Jung-un.

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