‘Donald Trump me estuprou’, acusa escritora durante julgamento civil
Abuso teria ocorrido em um provador da loja de departamentos Bergdorf Goodman, em Nova York, há cerca de trinta anos
A escritora E. Jean Carroll prestou depoimento nesta terça-feira, 25, no caso de estupro movido contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Carroll acusa o republicano de ter abusado sexualmente dela em um provador da loja de departamentos Bergdorf Goodman, em Nova York, há cerca de trinta anos.
Ex-colunista da revista americana Elle, Carroll disse que o abuso a incapacitou de desenvolver relações românticas e sexuais e que, com isso, teria perdido “uma das experiências gloriosas de qualquer ser humano: estar apaixonada por outra pessoa”. Danos psicológicos também fariam parte da vida da escritora, que relatou conseguir sentir até hoje Trump a imobilizando.
Segundo Caroll, o seu depoimento à corte foi motivado pelas mentiras do ex-presidente sobre o suposto ataque, bem como o efeito das falas na sua credibilidade. O republicano chegou a tratar a alegação de estupro como uma “trapaça completa” e como uma tentativa da escritora de atrair publicidade, fala essa que rendeu uma acusação extra de difamação contra o republicano.
+ Donald Trump vai a julgamento, acusado de estupro
“Estou aqui porque Donald Trump me estuprou e, quando escrevi sobre isso, ele mentiu e disse que não aconteceu”, relatou.
Motivada pelo movimento #MeToo, Carroll comunicou o abuso em 2019 e explicou que não havia falado sobre o assunto antes por medo de retaliações e uma possível demissão na época. A jornalista, no entanto, foi demitida da revista e alegou que a queda na sua reputação por causa de Trump teria sido a causa da rescisão do contrato. Ela teria perdido 8 milhões de leitores.
“Não estou acertando contas políticas de forma alguma”, enfrentou Carroll. “Estou acertando contas pessoais porque ele me chamou de mentirosa repetidamente, e isso realmente dizimou minha reputação.”
+ Eleitores não querem Biden nem Trump em 2024, mostra pesquisa
A jornalista informou que Trump foi “muito gentil” quando se conheceram, antes mesmo do suposto estupro. Ela relatou, ainda, que estava saindo da loja quando foi reconhecida pelo magnata. Em “tom de brincadeira”, ele teria dito que estava comprando lingerie para outra mulher e pedido para que ela experimentasse. Persuadida, Carroll teria ido até o camarim, onde o republicano teria a empurrado e cometido o abuso sexual.
Horas antes do depoimento, Trump utilizou a plataforma Truth Social para descredibilizar o caso. “Não há testemunhas? Ninguém viu isso?”, escreveu. O juiz distrital dos EUA, Lewis Kaplan, no entanto, alertou o republicano sobre possíveis consequências legais caso insista em tecer comentários sobre a acusação.
O processo corre a partir da Lei de Sobreviventes Adultos de Nova York, que abre espaço para vítimas de abuso denunciarem seus agressores anos depois do ocorrido. Pela ausência de obrigatoriedade de comparecimento, Trump, possível candidato do Partido Republicano à disputa presidencial de 2024, não esteve presente na audiência.