O ano letivo nas universidades públicas do Egito começou de modo incomum neste mês: o governo estipulou que todos os estudantes deveriam “saudar a bandeira” e cantar o hino do país antes do inicio das atividades acadêmicas. A ordem causou comoção nas redes sociais, e milhares de pessoas se manifestaram com comentários e piadas a respeito da atividade.
Diante do furor popular, o ministro da educação egípcio, Tarek Shawki, ameaçou nesta segunda-feira que qualquer estudante que “desrespeite ou profane” a bandeira nacional pode pegar até um ano de prisão, além de pagar multa que pode chegar ao equivalente a 5.300 reais.
Desde 2014, então sob a presidência de Adly Mansour, há leis que penalizam atos realizados contra o estandarte nacional no Egito. A saudação diária à bandeira é obrigatória em todas as escolas privadas e particulares do país até o ensino médio, e a atividade foi estendida à abertura do ano letivo das universidades como forma de “impulsionar o sentimento patriótico”.
Medidas contra estudantes
O anúncio de Tarek, direcionado especificamente a universitários, é visto como uma forma de coibir atividades contrárias ao governo. Estudantes foram uma das principais forças por trás da Primavera Árabe no Egito, a sucessão de eventos entre 2011 e 2013 que resultou na queda do ditador Hosni Mubarak e, posteriormente, nas eleições populares que elegeram Mohamed Mursi à presidência. Atualmente, o país é presidido pelo marechal Abdel Fatah Sisi, que tomou o poder em 2013 após um golpe militar.
Os estudantes têm sido alvo frequente de medidas do governo. Estima-se que desde que Sisi chegou ao poder, pelo menos 40 mil jovens foram detidos por conta do envolvimento com atividades políticas. Em 2015, associações políticas nos meios universitários e sindicatos estudantis foram banidos, e em junho, o Ministério da Educação do Egito removeu todas as menções à Primavera Árabe do currículo escolar dos alunos de ensino médio.