Eleições municipais em Cuba têm menor participação em 40 anos
Baixo comparecimento acontece em meio a duras críticas da oposição ao sistema eleitoral e convocação a abstenção como forma de protesto
Cerca de 68% dos eleitores registrados de Cuba foram às urnas no último domingo, 27, para votar nas eleições municipais do país, o percentual mais baixo desde 1976, quando o sistema eleitoral entrou em vigor. Ao todo, pouco mais de 5,7 milhões de cidadãos compareceram, segundo autoridades eleitorais.
Na eleição de domingo, 11.502 delegados, o equivalente a vereadores, foram eleitos. Outros 925 cargos, que juntam 12.427 delegados, seguem para um segundo turno já na próxima semana, à medida que nenhum dos candidatos teve mais de 50% dos votos.
Embora os números definitivos estejam previstos para ser anunciados apenas na terça-feira, o baixo comparecimento marca uma queda significativa em relação aos 89% que votaram em 2017, nas primeiras eleições desde a morte do ex-líder Fidel Castro.
A queda de participação acontece ao mesmo tempo em que a oposição fez campanha pela abstenção, citando a impossibilidade de concorrer contra candidatos favoráveis ao governo e ao Partido Comunista. Embora o Partido Comunista não concorra diretamente ao pleito, ele supervisiona as eleições.
A lei cubana afirma que quaisquer cubanos, independentemente das afiliações políticas, podem ser indicados para as eleições municipais. Na prática, porém, apenas alguns opositores do governo já disputaram as eleições.
Outra tática convocada pela oposição foi a de escrever palavras de ordem contra o governo nas cédulas em branco, assim os votos seriam anulados. Dos 5,7 milhões de votos cubanos, 89,11% foram válidos, 5,22% em branco e 5,07% anulados.
+ Putin e presidente cubano se reúnem em Moscou para homenagem a Fidel
Cuba sofre uma forte crise econômica: pessoas enfrentam longas filas para comprar alimentos, remédios e combustível. Além disso, diversas cidades tem frequentemente sofrido apagões. No entanto, o movimento de oposição da ilha diminuiu desde que os protestos antigovernamentais, em julho de 2021, levaram centenas de pessoas a serem julgadas e presas.
As eleições municipais foram as primeiras desde que Miguel Díaz-Canel se tornou presidente, em 2018. No entanto, não há pesquisas de opinião ou de boca de urna, então não está claro por que tantos eleitores cubanos optaram pela abstenção no domingo.
Mesmo assim, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Alina Belseiro, afirmou que “os resultados mostram o apoio do nosso povo aos seus representantes populares e a confiança em sua revolução”.