Em Bangladesh, dezesseis são indiciados por matar garota assediada
Nusrat Jahan Rafi, de 19 anos, foi ameaçada de morte se não retirasse a queixa contra o diretor da escola, preso por tentar abusá-la
A polícia da cidade de Feni, em Bangladesh, acusou dezesseis pessoas por atearem fogo em Nusrat Jahan Rafi, uma bengali de 19 anos que havia denunciado o diretor de sua escola por abuso sexual em março deste ano. Entre os acusados estão dois políticos locais e estudantes da escola que ela frequentava.
Segundo a polícia, o mandante do crime é Siraj Ud Doula, o diretor da escola, que foi preso após a denúncia. Ele ordenou o assassinato depois de Nusrat ter se recusado a retirar as queixas que fez contra ele.
O plano de Doula era fazer o assassinato parecer um suicídio. Mas Rafi testemunhou ter sido enganada, levada ao telhado do prédio e atacada. Ela teve 80% do corpo queimado e morreu no dia 10 de abril.
A denúncia e o assassinato
No dia 27 de março, Rafi acusou o diretor de sua escola por tê-la chamado para sua sala e tocado em seu corpo de forma inapropriada. Após fugir do local, ela foi com sua família até uma delegacia de polícia e prestou queixa do ocorrido. Enquanto prestava depoimento, um oficial começou a grava-la sem autorização.
Na gravação, a jovem estava visivelmente estressada. O policial dizia que a denúncia “não era grande coisa” e mandava ela tirar as mãos de seu rosto. Ele foi indiciado por divulgar ilegalmente o vídeo na internet.
Siraj Doula foi preso após o depoimento. Na prisão, recebeu várias pessoas e as instruiu a ameaçar Rafi para que a queixa fosse retirada. Caso isso não acontecesse, ela deveria ser morta.
O planejamento da morte foi minucioso e seu objetivo era aparentar suicídio. Segundo a polícia bengali, os acusados dividiram tarefas entre si e, em 6 de abril, dia do assassinato, enganaram a jovem e a levaram ao telhado da escola. Rafi disse, já na ambulância, que estudantes do colégio lhe contaram que um amigo estava sendo espancado no telhado.
Quando chegou ao local, ela foi abordada e pressionada a assinar um papel em branco para retirar a queixa. Como ela se recusou, foi amordaçada, embebida em querosene e incendiada.
Na ambulância, temendo morrer, gravou um vídeo com o celular do irmão. Suas últimas palavras foram: “O diretor me assediou, vou lutar contra este crime até o meu último suspiro”. Morreu quatro dias depois.