A Câmara dos Deputados realizou nesta quinta-feira (14) uma sessão especial em homenagem ao dia de Al-Quds, ou Dia Mundial de Jerusalém. O evento, contudo, acabou em bate-boca entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e convidados.
O Al-Quds é um evento anual celebrado pelo Irã e por outros países árabes para expressar solidariedade com o povo palestino e para marcar a oposição ao controle de Jerusalém por Israel. O dia se celebra normalmente na última sexta-feira do mês do Ramadã.
A sessão especial da Câmara foi um pedido do deputado Evandro Roman (PSD-PR). Ele presidiu o evento e leu um pronunciamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sobre o assunto.
O evento contou também com a presença de autoridades e embaixadores, como o embaixador do Irã em Brasília, Saiéd Ali Saghaiân, e o embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben. Roman ressaltou que seu objetivo com a sessão solene era incentivar a paz entre os povos, principalmente em relação ao status de Jerusalém.
O status da cidade é, talvez, o problema mais delicado do conflito palestino-israelense. Israel considera a cidade inteira como sua capital, enquanto os palestinos consideram Jerusalém Oriental como a capital de seu futuro Estado.
Roman, contudo, lembrou que muitos outros deputados pediram o cancelamento da sessão, pois a consideraram ofensiva e parcial em relação à questão.
Após o pronunciamento inicial, a palavra foi passada ao deputado Eduardo Bolsonaro, que defendeu a posição israelense. Ele lembrou a perseguição judaica durante o Holocausto e afirmou que a Autoridade Nacional Palestina faz lavagem cerebral em seu povo.
“Israel abriga em seu território milhões de árabes, dá água, dá hospital para eles”, disse. “Hamas, Hezbollah, esses são os verdadeiros terroristas. Israel não lança bomba para cima da Palestina”, completou Eduardo Bolsonaro.
Neste ano, mais de 100 palestinos terem sido mortos nos protestos da chamada Grande Marcha do Retorno, que começou no último dia 30 de março em Gaza. Os manifestantes atingidos por disparos das tropas israelenses protestavam contra a abertura da embaixada americana em Jerusalém e reivindicam o direito ao retorno dos refugiados palestinos a Israel.
Eduardo também se dirigiu ao deputado Roman: “Se Israel tivesse o mesmo pensamento do senhor, já teria varrido o senhor do mapa. Graças a Deus, são misericordiosos”.
Durante seu pronunciamento, contudo, o deputado foi interrompido diversas vezes por pessoas que acompanham a sessão no plenário. Os convidados gritaram e vaiaram Bolsonaro.
Roman teve de pedir silêncio diversas vezes e ameaçou expulsar da sala aqueles que se manifestassem em momento inapropriado. Após a fala do deputado do PSL, contudo, a sessão prosseguiu com tranquilidade.
Outras autoridades discursaram, entre elas o embaixador iraniano Saiéd Ali Saghaiân. “Hoje, eu quero declarar solidariedade a um povo que há 70 anos ficou desabrigado, sendo expulso de seu território”, afirmou, se referindo aos palestinos. “Em nenhum momento da história, nenhuma nação do mundo enfrentou um ato tão cruel, triste e doloroso”, completou, com o auxílio de uma tradutora.