Em clima polarizado, europeus vão às urnas para renovar parlamento da UE
Projeções indicam que votação, que elegerá 720 novos eurodeputados, dará grandes vitórias à extrema direita, mudando a direção política do bloco
![A voter gives his identity document before collecting his ballot for the European elections in a polling station, in The Hague on June 6, 2024, on the first day of European Parliament election. Dutch voters kicked off a four-day election marathon across the 27 nations of the European Union, providing an early litmus test of how far right the next EU parliament might shift. (Photo by Nick Gammon / AFP)](https://gutenberg.veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/06/000_34VK428.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A Europa deu a largada nesta quinta-feira, 6, às eleições para o parlamento da União Europeia, única assembleia transnacional do mundo. A votação, que começou com os eleitores holandeses, vai durar quatro dias, envolvendo 27 países. No final do pleito, 720 eurodeputados terão sido escolhidos para compor o próximo Parlamento Europeu. As projeções indicam um “acentuado giro à direita” no órgão.
Os resultados das eleições, que moldarão também a composição da próxima Comissão Europeia (executivo da UE), podem ter um grande impacto na direção política do bloco em áreas sensíveis, incluindo imigração e combate às mudanças climáticas.
Previsões
Espera-se que o Partido Popular Europeu, de centro-direita, continue sendo o maior grupo no parlamento. A legenda é liderada pela atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O segundo maior grupo devem ser os Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda, seguidos pelos progressistas do Renew Europe.
No entanto, as pesquisas projetam grandes ganhos para partidos populistas e de extrema direita, o que – embora não seja suficiente para conquistar o poder direto – pode aumentar significativamente a sua influência. Um relatório do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), divulgado no início do ano, previu que o pleito será marcado por um “giro acentuado à direita”, com o sucesso de partidos “anti-UE” e ultradireitistas em nove Estados-membros.
Acredita-se que a extrema direita conquistará mais de 40 assentos. Esse disparo possibilitará a articulação de uma coalizão da “direita populista” – que incluirá o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e o grupo Identidade e Democracia (ID) –, com até 49% dos eurodeputados.
Na Holanda
Na tarde de quarta-feira, horas antes da abertura das urnas, o incendiário Geert Wilders – cujo anti-islâmico Partido da Liberdade (PVV) chocou a Europa ao terminar em primeiro lugar nas eleições de novembro passado – estava em campanha no mercado de Haia. Ele disse que as eleições eram uma questão de “soberania nacional”, em crítica velada à imigração.
Nas últimas pesquisas para os 31 eurodeputados dos Países Baixos, prevê-se que o PVV passe de um assento para oito, ficando empatado com a aliança Verde-Esquerda-Trabalhista liderada pelo antigo vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans.
Wilders apoia a formação de um supergrupo de extrema direita no Parlamento Europeu, uma ideia lançada por Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita francês Reagrupamento Nacional. No entanto, a aliança pode ser difícil de se concretizar, devido a rivalidades entre facções e fortes diferenças políticas.