O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu nesta terça-feira, 29, avanços nas negociações com a Ucrânia, durante conversa por telefone com o presidente da França, Emmanuel Macron, mas se manteve inflexível sobre o desejo de seguir com a ofensiva no leste do país vizinho.
A teleconferência segue um encontro entre representantes russos e ucranianos em Istambul para mais uma rodada das conversas de paz. A reunião rendeu um anúncio de ‘redução drástica nas atividades militares’ em torno de Kiev e Tchernihiv, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.
Negociadores ucranianos propuseram a neutralidade militar, um dos objetivos centrais da Rússia no conflito, em troca de garantias externas de segurança. Kiev também aceitou discutir em 15 anos a situação da Crimeia, região anexada por Moscou em 2014.
Apesar dos desenvolvimentos a um cessar-fogo parcial, o presidente russo rejeitou o pedido de Macron por uma trégua em Mariupol para permitir a saída voluntária dos 160 mil civis que estariam na cidade sem contato com o exterior. Ao líder francês, Putin reiterou a importância estratégica da cidade portuária, um dos seus objetivos prioritários na guerra com o país vizinho, já que fornece uma ligação terrestre entre as forças russas na Crimeia, a sudoeste, e territórios controlados pela Rússia ao norte e leste.
Outro ponto de desacordo foi a decisão de Moscou de exigir o pagamento de gás e petróleo em rublos. Macron indicou que isto iria contra os contratos assinados, mas Putin respondeu o contrário, de acordo com fontes francesas.
Antes de conversar por uma hora com Putin, Macron participou de uma videoconferência convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, juntamente aos líderes do Reino Unido, Boris Johnson; da Alemanha, Olaf Scholz; e da Itália, Mario Draghi.
Na reunião, os líderes dos cinco países mantiveram a coordenação sobre a ajuda à Ucrânia, a imposição de sanções à Rússia e a forma de mitigar as consequências da guerra para a economia mundial. Ainda nesta terça-feira, Macron participará de uma teleconferência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para ouvir sobre o andamento das conversas de paz.
Paris afirma estar ciente dos parâmetros destas negociações, que incluem a atribuição de um estatuto de neutralidade à Ucrânia, mas destaca que o diálogo está bloqueado em relação à definição das fronteiras, observando ao mesmo tempo que a guerra ainda está em curso e que a Rússia continua violando o direito humanitário internacional.