Em crise, Sudão ordena libertação de todos os presos políticos no país
Protestos públicos foram proibidos e são frequentemente reprimidos pelas forças de segurança do país
O presidente do Sudão, Omar al Bashir, ordenou nesta terça-feira a libertação de “todos os presos políticos no país” em resposta a pedido dos partidos e grupos que participam do processo de diálogo nacional, informou a agência oficial de notícias Suna.
Um decreto presidencial detalha que “a libertação dos presos políticos fortalece o espírito de reconciliação, harmonia nacional e a paz”.
A fonte destacou que o decreto “abre as portas para a participação de todas as forças políticas na consulta sobre assuntos nacionais”, assim como na fase seguinte para “preparar uma Constituição permanente no país”.
Segundo o Ministério de Estado da Presidência, citado pela agência, esta ordem terá efeito “imediato”, mas não foram dados mais detalhes sobre o número de presos libertos nem quando acontecerá a libertação.
Dezenas de pessoas foram detidas em janeiro deste ano no Sudão por protestarem contra reformas econômicas e a alta dos preços de bens básicos. Alguns ativistas foram libertados, mas muitos permaneceram detidos, incluindo os principais líderes da oposição, Khaled Omar, do partido do Congresso Sudanês, e Mokhtar al-Khatib, chefe do Partido Comunista do Sudão.
O Sudão atravessa uma crise econômica e hiperinflação, causando descontentamento, apesar de protestos públicos terem sido proibidos e frequentemente reprimidos pelas forças de segurança.
As embaixadas dos Estados Unidos e de diversos países europeus já haviam pedido a libertação dos prisioneiros. As missões diplomáticas afirmam que muitos dos detidos estão sendo mantidos em condições desumanas.
A inflação no Sudão chegou a 52,37% em janeiro de 2018 – em dezembro marcava 25,15% -, o que representa uma alta de quase 100% causada principalmente pela desvalorização da moeda local em relação ao dólar.
(Com EFE)