No dia 26 de junho, uma tentativa de golpe sacudiu a Bolívia, após membros das Forças Armadas tomarem a Praça Murillo, onde fica a sede do governo, em La Paz, e um veículo blindado avançar pela entrada do Palácio Presidencial, seguido por soldados liderados por um general destituído. O movimento foi contido rapidamente, suscitando comemorações de órgãos como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e líderes como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já outras lideranças na América Latina, como o presidente da Argentina, Javier Milei, foram por outros caminhos.
Em uma postagem no X, antigo Twitter, na terça-feira 2 – a mesma em que chamou Lula de “corrupto e comunista”, Milei afirmou que a tentativa de golpe na Bolívia foi uma “fraude”, repetindo comentários recentes de seu gabinete que levaram o governo do presidente boliviano, Luis Arce, a chamar o embaixador argentino para uma reprimenda.
Arce afirmou, em uma entrevista à AFP, lamentar que o governante ultraliberal da Argentina concorda com o ex-presidente Evo Morales, seu antigo aliado e agora seu maior adversário político, que acusou-o de ter orquestrado um “autogolpe”. Horas após a declaração de Morales, o governo ultraliberal de Milei citou “relatórios de inteligência” para apoiar as declarações do ex-presidente.
Neste sábado, 6, na CPAC Brasil, fórum conservador fundado por Eduardo Bolsonaro e que contará com a presença de Jair Bolsonaro e Milei, a narrativa que recebeu a chancela foi a do argentino, em meio a acusações de que a esquerda “faz de tudo para se perpetuar no poder”.
Na fala de Anelin Suarez, ativista da direita boliviana, na chamada Conferência de Ação Política Conservadora, ela afirmou que seu país “foi sequestrado pela máfia do socialismo” e que o “suposto golpe foi uma fraude para aumentar a popularidade do presidente Arce”.
“Não temos combustível, diplomacia, segurança, educação e saúde. Ele orquestrou um autogolpe só para completar o sonho da perpetuidade”, disparou Suarez no palco do Expocentro Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
A ativista afirmou que, assim que começaram os relatos de uma mobilização militar contra o governo boliviano, ela conversou com o deputado Eduardo Bolsonaro para denunciar a “farsa”. “Ele foi o primeiro no Brasil a contar a verdade”, alegou Suarez, que também elogiou o argentino Milei por “dar nome aos bois”.