Em meio a tensões, ataque em Bagdá mata líder de milícia apoiada pelo Irã
Bombardeio na capital do Iraque ocorre após explosões em território iraniano; milícias culpam 'brutal agressão americana'
A Força de Mobilização Popular, uma milícia islâmica iraquiana apoiada pelo Irã, afirmou nesta quinta-feira, 4, que seu quartel-general no centro de Bagdá sofreu um ataque aéreo e um de seus comandantes de alto escalão morreu. O anúncio ocorre um dia depois de duas explosões em território iraniano deixarem mais de 100 mortos, elevando as tensões em um Oriente Médio já acossado pela guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza.
Aparentemente sem evidências, a Força de Mobilização Popular acusou os Estados Unidos de estar por trás do ataque. A coligação de milícias, que está nominalmente sob o controle do exército do Iraque, disse em comunicado que o seu vice-chefe de operações em Bagdá, Mushtaq Taleb al-Saidi, ou Abu Taqwa (seu nome de guerra), foi morto “como resultado da brutal agressão americana”.
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O incidente
Não ficou claro quem executou o ataque, que matou duas pessoas e feriu cinco, segundo depoimento de dois oficiais da milícia à agência de notícias Associated Press. Um dos funcionários disse que al-Saidi estava entrando na garagem do quartel-general junto com outro oficial quando o carro foi atingido, matando ambos.
O gabinete do primeiro-ministro no Iraque alegou que os Estados Unidos e seus aliados internacionais eram responsáveis pelo ataque “injustificado” a uma força de segurança iraquiana.
“O ataque é uma escalada perigosa [das tensões] e uma violação da soberania do Iraque”, disse o gabinete, segundo a agência de notícias Reuters.
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Alta tensão
O ataque em Bagdá ocorre não só em meio à guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas em Gaza, mas também em paralelo às repetidas trocas de tiros entre as forças de Tel Aviv e o Hezbollah, um grupo xiita anti-judeu apoiado pelo Irã, no sul do Líbano.
Além disso, os rebeldes de etnia houthi, do Iêmen, que desde 2014 travam uma guerra civil contra o governo oficial, intensificaram ataques e sabotagens contra navios no Mar Vermelho que aportariam em Israel, como forma de apoiar o Hamas na guerra.
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Na terça-feira 2, o número 2 da ala política do Hamas foi assassinado em Beirute, capital libanesa, aumentando ainda mais a animosidade na fronteira norte de Israel. No dia seguinte, um atentado terrorista no Irã deixou mais de 100 mortos durante uma cerimônia que marcava o aniversário de morte de Qassem Suleimani, general assassinado pelos Estados Unidos em 2020.
Todos esses acontecimentos, mais do que nunca, ameaçam fazer a guerra em Gaza transbordar para o resto do Oriente Médio.