Em um desafio à pressão da China para que figuras do alto escalão da política americana não visitem Taiwan, a senadora dos Estados Unidos Marsha Blackburn, membro dos comitês de Comércio e Serviços Armados do Senado, chegou na ilha nesta quinta-feira, 25. Esta é a terceira visita de um político americano a Taipei no mês, se juntando ao senador Ed Markey e à presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi.
De acordo com imagens feitas por emissoras de televisão locais, Blackburn chegou a bordo de um avião militar americano no aeroporto de Songshan, no centro da cidade, e foi recebida na pista pelo diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, Douglas Hsu.
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“Taiwan é nosso parceiro mais forte na região do Indo-Pacífico. Visitas regulares de alto nível a Taipei são uma política de longa data dos Estados Unidos. Não serei intimidada pela China comunista a dar as costas à ilha”, disse a senadora em comunicado.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que Blackburn deve se encontrar com a líder taiwanesa, Tsai Ing-wen, com o alto funcionário de segurança Wellington Koo, além do ministro das Relações Exteriores, Joseph Wu, até o final da viagem, que termina no próximo sábado, 27. Mais tarde, o gabinete presidencial confirmou o encontro entre Ing-wen e a senadora para a manhã da próxima sexta-feira.
Em resposta, o porta-voz da embaixada chinesa em Washington, Liu Pengyu, prometeu que Pequim tomaria “contramedidas resolutas” não especificadas ao que chamou de “provocação” dos Estados Unidos.
“A visita relevante mais uma vez prova que os americanos não querem ver estabilidade no Estreito de Taiwan e não poupou esforços para provocar confrontos entre os dois lados e interferir nos assuntos internos da China”, disse Liu em comunicado.
A visita de Pelosi, no começo de agosto, enfureceu os chineses, que responderam com lançamentos de teste de mísseis balísticos sobre Taipei pela primeira vez, alem de cortes de algumas linhas de diálogo com Washington. Pouco após a visita da líder da Câmara, um grupo de cinco outros legisladores dos Estados Unidos, liderados pelo senador Ed Markey, visitaram a ilha, o que ocasionou novos exercícios militares feitos pelo Exército chinês.
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O governo Biden procurou evitar que as tensões entre Washington e Pequim, inflamadas pelas visitas, se transformassem em um conflito, reiterando que essas viagens ao Congresso são rotineiras. Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, os Estados Unidos fornecem meios para a ilha se defender, uma vez que a China considerada a ilha parte de seu território.
O governo taiwanês, por sua vez, diz que a República Popular da China nunca governou a ilha e, portanto, não tem o direito de reivindicá-la, e que apenas seus 23 milhões de habitantes podem decidir seu futuro.