Em meio às tensões da guerra, a tenista ucraniana Elina Svitolina e a tenista russa Daria Kasatkina se encontraram no domingo, 4, para disputar o torneio de Roland Garros, em Paris, na França. Como forma de protesto contra a invasão do território da sua terra natal, Svitolina, que venceu a partida, tem se recusado a apertar a mão de adversárias russas e bielorrussas em campeonatos.
“Eu sou ucraniana. Estou defendendo meu país, fazendo todo o possível para apoiar homens e mulheres que estão agora na linha de frente lutando por nossa terra, nosso país”, disse. “Você pode imaginar uma pessoa na linha de frente olhando para mim e eu agindo como se nada estivesse acontecendo?”.
Substituindo o tradicional cumprimento, Kasatkina fez um sinal de positivo para a adversária ucraniana após perder a partida. Em outro momento, a russa foi alvo de vaias do público e disse estar deixando Paris com um “gosto amargo” pela atitude do público depois de ter sido “respeitosa ao posicionamento” tomado pela adversária.
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“Eu e a Elina mostramos respeito uma pela outra depois de uma partida difícil, mas sair de quadra daquele jeito foi a pior parte de ontem. Sejam melhores, amem-se. Não espalhe ódio. Tente tornar este mundo melhor”, escreveu Kasatkina nas suas redes sociais.
Leaving Paris with a very bitter feeling. All this days, after every match I’ve played in Paris I always appreciate and thanked crowd for support and being there for the players. But yesterday I was booed for just being respectful on my opponents position not to shake hands. [1]
— Daria Kasatkina (@DKasatkina) June 5, 2023
No ano passado, a tenista russa definiu o conflito na Ucrânia como um “pesadelo total”, durante uma série de entrevistas concedidas ao blogueiro Vitya Kravchenk. Kasatkina, que se assumiu lésbica na ocasião, reforçou seu desejo de que a guerra chegasse ao fim e criticou as políticas do Kremlin a respeito da comunidade LGBQIA+. Ela prestou, ainda, solidariedade aos moradores de regiões bombardeadas ao dizer que não conseguia “imaginar como não é ter um lar.”
“Então, é claro, os jogadores da Ucrânia têm muitos motivos para não apertar nossas mãos. Eu aceito e é assim que é. É uma situação muito triste e eu entendo”, reforçou seu posicionamento no último mês.
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Primeira participação desde que se tornou mãe, Svitolina explicou que está focada nas próximas partidas e que não olha “muito para o futuro” para não perder o foco na competição. Apesar de ter permanecido firme na sua decisão, Svitolina chamou a sua oponente de “corajosa” por utilizar a sua plataforma para criticar o governo de Vladimir Putin, presidente russo.
“Realmente grata pela posição que ela assumiu. Ela é [uma] pessoa muito corajosa para dizer isso publicamente, que nem tantos jogadores o fizeram”, expressou a ucraniana ao final da disputa.
A atleta ucraniana enfrentará a bielorrussa Aryna Sabalenka nas quartas de finais do torneio, prevista para esta terça-feira. Sabalenka relatou um clima de “ódio” nos vestiários destinado aos jogadores de países relacionados ao conflito e que não se sentia segura para participar de coletivas de imprensa.
“Sobre a situação da guerra, eu disse muitas, muitas vezes, ninguém neste mundo – atletas russos, atletas bielorrussos – apoia a guerra. Ninguém. Como podemos apoiar a guerra? Pessoas normais nunca irão apoiá-la”, destacou.