Em visita ao Sudão do Sul, que vive em guerra civil desde 2013, o papa Francisco pediu um “novo salto” pela paz e afirmou estar diante de uma “tragédia humanitária”. Neste sábado, 4, o pontífice, de 86 anos, se reuniu com crianças deslocadas pelos sucessivos conflitos e ouviu relatos sobre as dificuldades da vida nos campos de refugiados. Durante o encontro, ele afirmou que elas construiriam um futuro melhor para o país, substituindo o “ódio étnico por perdão”.
O Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, se separou do Sudão em 2011, mas padece com a guerra de grupos étnicos entre si. Apesar de ter sido celebrado um acordo de paz em 2018 entre os dois principais adversários, os conflitos continuam a matar e obrigar hordas de civis a deixarem suas casas. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o país africano, com 11,6 milhões de habitantes, tem 2,2 milhões de pessoas deslocadas internamente e outras 2,3 milhões fugiram como refugiadas.
Tida como uma “peregrinação ecumênica pela paz” sem precedentes, papa Francisco, na companhia do arcebispo de Canterbury, Justin Welby, chefe espiritual da Igreja Anglicana, e do moderador da Igreja da Escócia, Ian Greenshields, liderou uma oração ecumênica a céu aberto, com público estimado em 5 000 pessoas. Em sua fala, o líder máximo da Igreja Católica destacou que o caminho “tortuoso” da paz não pode mais ser adiado.
Esta é a primeira visita de um pontífice ao Sudão do Sul desde que o país, de maioria cristã, conquistou sua independência do Sudão – de maioria muçulmana -, após décadas de conflito. Papa Francisco ainda se reuniu neste sábado com cerca de mil religiosos na Catedral de Santa Teresa, em Juba, capital do jovem país. “A mensagem que o papa nos dirigiu hoje, a nós sacerdotes e bispos, a todos os religiosos e cristãos, é ir de casa em casa pregar a paz e a evangelização”, afirmou o padre Victor Roba Bartolomew, da paróquia de Santa Teresa. A viagem do papa ao Sudão do Sul se encerra neste domingo.