Em Wisconsin, Biden se reúne com família de Jacob Blake
Viagem de democrata contrasta com ida de Trump ao estado, onde policial branco atirou sete vezes contra as costas de homem negro
O candidato do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, visitou nesta quinta-feira, 3, a cidade de Kenosha, no estado de Wisconsin, que se tornou palco de conflitos raciais nas últimas semanas após um policial branco disparar sete vezes contra as costas do afro-americano Jacob Blake em 23 de agosto. Na visita, o ex-vice-presidente americano se encontrou com familiares de Blake e conversou com ele por telefone.
“Tive a oportunidade de passar algum tempo com Jacob ao telefone. Ele está fora da terapia intensiva, conversamos por cerca de 15 minutos”, disse Biden em uma reunião comunitária em uma igreja em Kenosha.
“Ele falou sobre como nada iria derrotá-lo, que caminhando de novo ou não, ele não irá desistir”, acrescentou. O pai de Blake revelou em 25 de agosto, dois dias após os disparos, que seu filho estava paralisado da cintura para baixo.
Junto com sua esposa, Jill, Biden se encontrou com a família de Blake logo após pousarem de avião em Milwaukee, que fica a menos de 70 quilômetros de Kenosha. A reunião foi fechada e, segundo a equipe de campanha do democrata, envolveu pessoalmente o pai de Blake, duas irmãs e um irmão. A mãe da vítima conversou com os Biden por telefone.
O propósito da visita a Kenosha é “unir as pessoas e ser uma influência positiva”, antecipou o candidato em coletiva na quarta-feira 2.
“Devemos curar as feridas”, enfatizou na quarta-feira o democrata, que denuncia incansavelmente o “racismo institucional” e, ao mesmo tempo, os episódios de violência que se desencadeiam durante algumas manifestações antirracismo pelo país.
‘Lei e Ordem’
Em contraste a Biden, o presidente americano, Donald Trump, que busca a reeleição em novembro, passou por Kenosha na terça-feira 1º, mas não se encontrou com a família da vítima. Trump mal disse o nome de Blake.
O mandatário, que se autointitula o candidato da “lei e ordem”, inspecionou as ruínas das lojas incendiadas durante os protestos que sucederam o ataque a Blake — foram três noites de motins seguidas, mobilizando pelo menos 100.000 pessoas em Kenosha.
Trump agradeceu à polícia pela contenção das manifestações violentas, as quais ele costuma descrever como “terrorismo doméstico”.
O candidato republicano, porém, se recusou a condenar as ações de Kyle Rittenhouse, jovem branco de 17 anos que disparou um rifle semiautomático contra alguns manifestantes. Rittenhouse está detido e é acusado pela morte de duas pessoas.
Precedente de 2016
Em 2016, Trump surpreendeu ao vencer por pouco em Wisconsin, onde a então candidata democrata, Hillary Clinton, não fizera campanha. Desta vez, e ainda mais após o caso Blake, ambos os partidos estão olhando de perto para esse swing state, estado que não tende muito a nenhum dos partidos.
Cientes da importância de vencer em Wisconsin, que concede 10 votos no colégio eleitoral, os democratas optaram por organizar sua convenção nacional em Milwaukee para lançar formalmente a candidatura de Biden.
No entanto, o evento teve que reduzir o limite de público e se tornar em grande parte virtual devido à pandemia. Paralelamente ao momento da convenção democrata, em meados de agosto, Trump discursou ao ar livre em Wisconsin.
Depois de uma pausa entre março e junho, em virtude da pandemia de Covid-19, o candidato republicano realizou comícios eleitorais em seis estados diferentes.
Biden, por outro lado, permaneceu confinado pela pandemia em sua casa em Wilmington, Delaware, por semanas e, depois, não realizou grandes viagens para fins eleitorais.
A visita à cidade Kenosha e um discurso em Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, na segunda-feira 31 apontam uma fase mais ativa de campanha do democrata.
(Com AFP)