Empresa brasileira fornecerá tecnologia para militares dos EUA
Gerente da companhia, que fabrica softwares de biometria, contou ao site de VEJA sobre o contrato que envolve operações no Iraque e no Afeganistão
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou a decisão de usar uma empresa brasileira para fornecer sistemas de biometria a operações civis e militares que ocorrem na região dos governos asiáticos do Iraque e do Afeganistão. A escolha da companhia de tecnologia de Campinas, chamada Griaule, foi feita por meio de uma licitação e divulgada em setembro.
Apesar de não serem o destino final da compra, os Estados Unidos têm uma preferência estratégica por serem mediadores de transações de alto custo e complexidade entre nações aliadas.
A companhia escolhida trabalha principalmente com tecnologia de ponta para o reconhecimento de impressões faciais, íris, rosto e voz. A Griaule tem certificados emitidos pela polícia do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, pelo FBI e conta com clientes de renome, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro.
Além de oferecer a tecnologia de identificação biométrica às duas nações mencionadas, caberá também à empresa operá-la. No total, o valor dos sistemas que serão fornecidos se aproxima dos 75 milhões de dólares, ou mais de 270 milhões de reais. O negócio terá duração de cinco anos e o prazo para a implementação é de um ano.
Os dois países asiáticos já possuem sistemas biométricos, mas eles estão chegando ao fim de sua vida útil. Renato Burdin, gerente operacional da Griaule, falou à VEJA sobre a intenção da empresa no Oriente. Segundo ele, o objetivo é fazer uma transição tranquila para uma tecnologia mais avançada. “Tudo está em constante atualização. As bases de dados cresceram muito nos últimos anos e nós queremos ajudar esses lugares a expandir os seus sistemas de forma suave”, explica.
Os softwares vendidos deverão servir para a identificação de 50 milhões de identidades iraquianas e 30 milhões de identidades afegãs por meio de reconhecimento de digitais, palmas da mão, íris e rostos. Os governos poderão escolher o tipo de uso que querem fazer da nova tecnologia. De acordo com Burdin, ela poderá ajudar, por exemplo, a identificar suspeitos de crimes como terrorismo.