Uma enfermeira neonatal de um hospital britânico foi considerada culpada por assassinar sete bebês e tentar matar outros seis durante um ano. Ela se aproveitava das vulnerabilidades de recém-nascidos prematuros e doentes, bem como de seus pais ansiosos.
Lucy Letby, de 33 anos, foi condenada nesta sexta-feira, 18, depois de 22 dias de deliberação de um júri do Manchester Crown Court por seus crimes enquanto trabalhava na unidade neonatal do Hospital Countess of Chester, no noroeste da Inglaterra, entre 2015 e 2016.
“Os pais foram expostos a sua curiosidade mórbida e sua falsa compaixão”, disse Pascale Jones, promotora principal do caso. “Muitos deles voltaram para casa com quartos de bebê vazios. Muitas crianças sobreviventes vivem com consequências permanentes de seus ataques em suas vidas”.
Letby foi acusada de prejudicar deliberadamente os recém-nascidos de várias maneiras, inclusive injetando ar em suas correntes sanguíneas e administrando ar ou leite em seus estômagos por meio de sondas nasogástricas. Ela também foi acusada de envenenar bebês ao adicionar insulina à alimentação intravenosa e interferir nos tubos respiratórios.
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Jones disse que os ataques da enfermeira foram “uma traição completa da confiança depositada nela”. Em uma declaração conjunta, as famílias das vítimas expressaram sua gratidão aos médicos especialistas, consultores, médicos e equipe de enfermagem que vieram prestar depoimento durante o julgamento e ao júri que que enfrentar 145 dias de provas “cansativas”.
“A busca pela verdade permaneceu na mente de todos e seremos eternamente gratos por isso”, disseram eles. “Pedimos agora um tempo em paz para processar o que aconteceu ao chegarmos a um acordo com o veredito de hoje.”
Durante o julgamento, que começou em outubro de 2022, os promotores disseram que o hospital em 2015 registrou um aumento significativo no número de bebês que estavam morrendo ou sofrendo deterioração súbita em sua saúde sem motivo aparente. Alguns sofreram “sérios colapsos catastróficos”, mas sobreviveram após a ajuda da equipe médica.
Os promotores alegaram que Letby estava de plantão em todos os casos e a descreveram como uma “presença malévola constante” na unidade neonatal quando as crianças desmaiavam ou morriam. Segundo eles, as ações da enfermeira não deixavam muitos vestígios e ela convencia os colegas que os incidentes eram naturais.
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A polícia lançou uma investigação sobre as mortes de bebês no hospital em maio de 2017. Letby foi presa três vezes em conexão com as mortes antes de ser acusada em novembro de 2020.
Em 2018, uma nota foi encontrada na casa da enfermeira que dizia “eu sou má, eu fiz isso”, o que os promotores consideraram “literalmente uma confissão”. O advogado de defesa, contudo, disse que ela era “trabalhadora, dedicada e atenciosa” que amava seu trabalho e que não havia provas suficientes para sua acusação. Ele também afirmou que quatro médicos seniores colocaram a culpa em Letby para encobrir falhas na unidade neonatal.
Letby testemunhou por 14 dias, negando todas as acusações de ter machucado intencionalmente qualquer bebê. Ela também chorou e defendeu a coleção de anotações que tinha em casa que dizia frases como “eu não merece viver”, “eu os matei porque não podia cuidar deles” e “sou uma pessoa horrível e má”.
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