O histórico de décadas das declarações de imposto de renda do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram publicadas nesta semana pelo jornal The New York Times. Às vésperas do primeiro debate das eleições presidencial, marcado para esta terça-feira, 29, o republicano enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua campanha.
“São ‘fake news’ totalmente inventadas”, se defendeu Trump em uma coletiva de imprensa na Casa Branca ainda no domingo. “Eu paguei muito, e também paguei muito imposto de renda a nível estatal, o estado de Nova York cobra muitos impostos”, enfatizou.
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Clique e AssineEntenda os principais pontos levantados pela reportagem do Times:
750 dólares
Trump pagou apenas 750 dólares (4.215 reais) em imposto de renda nos Estados Unidos em 2016, quando se elegeu presidente. Em 2017, primeiro ano de seu mandato presidencial, o valor pago foi o mesmo. O Times não teve acesso aos registros dos últimos dois anos.
Em comparação, seus três antecessores, o democrata Barack Obama, o republicano George W. Bush e o democrata Bill Clinton, pagaram em imposto de renda durante o primeiro ano de mandato respectivamente 1,8 milhão de dólares, 250.000 dólares e 65.000 dólares, em valores não corrigidos pela inflação.
O Times destacou que o imposto de renda de Trump em seu primeiro ano de mandato é apenas comparável, também sem corrigir pela inflação, ao que pagou Richard Nixon em um outro escândalo fiscal, há quase meio século, em 1973.
Ainda mais, antes de entrar para política, o magnata de Nova York não chegou a pagar nenhum centavo em imposto de renda por 11 anos em um período entre 1997 e 2015.
Segundo a reportagem, Trump conseguiu passar tantos anos assim, pois “declarava grandes perdas em seus negócios”.
Em compensação, no exterior…
O presidente e as empresas associadas à Organização Trump pagaram mais de 300.000 dólares em impostos no Panamá, na Índia e nas Filipinas.
“Quando assumiu o cargo, Trump disse que não buscaria novos negócios no exterior como presidente. Mesmo assim, em seus primeiros dois anos na Casa Branca, sua receita no exterior totalizou 73 milhões de dólares”, afirmou o Times, que denunciou a possibilidade de conflito de interesses.
O jornal citou contratos milionários de licenciamento da marca Trump em países em especial comandados por regimes autoritários, como as próprias Filipinas e também a Turquia.
Altas dívidas a vencer
Trump enfrenta hoje uma dívida de 421 milhões de dólares, dos quais 300 milhões devem vencer nos próximos quatro anos.
O refinanciamento dos 421 milhões de dólares deverá ser “difícil”, segundo o Times, pois as duas empresas que juntas carregam quase 70% dessa dívida — o resort de golfe Trump National Doral, em Miami, e o hotel Trump International, em Washington — passam por dificuldades financeiras.
“Caso [o presidente] ganhe a reeleição, seus credores podem ser colocados em uma posição sem precedentes de ponderar se vão penhorar bens de um presidente em exercício”, estimou o jornal.
Disputa fiscal
Trump vive ainda uma batalha de quase uma década contra o Fisco americano, o Internal Revenue Service (IRS), que pode lhe custar mais 100 milhões de dólares.
O motivo é uma revisão do IRS, em andamento desde 2011, sobre a legitimidade de uma restituição de imposto no valor de 73 milhões de dólares, que fora concedida a Trump no contexto das declarações do magnata sobre perdas em seus negócios.