Erro técnico atrasa resgate do menino Julen, há nove dias dentro de poço
Justiça de Málaga, na Espanha, iniciou investigação sobre o caso; não há sinais de que o menino esteja vivo
Um erro técnico provocou novo atraso no resgate do menino Julen Roselló, de 2 anos de idade, preso há nove dias em um poço de 107 metros de profundidade na Serra de Totalán, no sul da Espanha. A expectativa de retirá-lo nesta terça-feira, 22, foi frustrada pela dificuldade de avançar na perfuração de um túnel paralelo, que permitiria alcançar a criança.
Segundo o jornal El Español, o governo de Málaga informou que os tubos para sustentação do túnel não puderam baixar da profundidade de 40 metros. Eles deveriam alcançar 60 metros, para permitir que um grupo de mineiros possa, a partir daí, escavar um túnel horizontal de 4 metros até o local onde Julen está preso.
Segundo o governo de Málaga, a alternativa será encher o túnel com terra final e retomar as perfurações com um diâmetro maior do que o atual. Quando o túnel estiver pronto e escorado pelos tubos, os mineiros poderão descer com segurança em uma cápsula de 2,5 metros de altura e 1,2 de diâmetro.
“Não é possível dar uma estimativa de tempo. A manobra já começou”, informou o governo local.
Embora a operação de resgate mobilize mais de 300 pessoas e tenha se estendido por nove dias e noites, sem cessar, não há sinais de que o menino Julen esteja vivo. Ele caiu no poço quando brincava com uma prima de 3 anos de idade, no último dia 13. O pai, José Roselló, tentou resgatá-lo. Mas diante da dificuldade, chamou a polícia. “Eu o ouvi chorar”, afirmou à polícia, entre lágrimas.
As autoridades usaram uma câmera para alcançar a criança dentro do poço. Como não conseguiram baixá-la a menos de 70 metros, concluíram que o menino estaria soterrado mais abaixo. A análise de DNA de material colhido no poço deu a certeza de que o menino realmente estaria preso.
Segundo o jornal El Español, o trabalho da equipe de resgate foi qualificado como “extremo e inédito” nesta terça-feira pelo representante do governo da Andaluzia, Alfonso Rodríguez Gómez. Conforme afirmou, em situações normais, o resgate demoraria meses.
“O ânimo com que se trabalha é para chegar a ele quanto antes possível. Estamos trabalhando em uma área bastante inacessível, onde o terreno é muito duro”, afirmou Rodríguez, que ainda enfatizou a necessidade de alcançar o garoto com delicadeza porque ele terá sofrido traumas com a queda.
Sem certeza sobre quando o menino será efetivamente resgatado, o Juizado de Instrução 9, de Málaga, iniciou a coleta de todas as informações relativas ao desaparecimento do menino dentro do poço. Em paralelo, o Serviço de Proteção à Natureza da Guarda Civil investiga a construção do poço de mais de 100 metros, para o qual não havia nenhuma permissão.