Escócia quer ir à Justiça para realizar referendo de independência
Defensora da secessão para o país continuar na União Europeia, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon rejeita posição de Londres
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, disse nesta sexta-feira, 31, que não “descarta” ir à Justiça para convocar um referendo sobre a independência escocesa do Reino Unido, se o governo conservador do premiê britânico, Boris Johnson, continuar se opondo à ideia.
Em declaração em Edimburgo algumas horas antes das 23h, quando o Reino Unido deixará a União Europeia, Sturgeon afirmou que a dúvida sobre o poder do Parlamento escocês em realizar uma votação sobre a independência nunca chegou à Justiça britânica.
“Agora, se o governo do Reino Unido continuar negando o direito de escolha da Escócia, podemos chegar ao ponto de ser necessária a análise dessa questão [por um tribunal]. Eu não estou descartando isso”, disse. Sturgeon quer realizar outro referendo, mas não pode fazê-lo sem o consentimento do governo britânico, em Londres.
Após o Partido Nacional Escocês, de Sturgeon, ganhar 48 dos 59 assentos escoceses no Parlamento do Reino Unido nas eleições de dezembro, um novo referendo foi solicitado a Londres. Mas o pedido foi rejeitado por Johnson, que descreveu a possibilidade de independência escocesa como um evento “único em uma geração”, em referência à tentativa fracassada de 2014.
Naquele ano, os escoceses rejeitaram a secessão por 55% a 45%. Mas uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 30, mostrou que uma pequena maioria agora apoia a independência, reforçada pela oposição à saída britânica da União Europeia — 62% dos escoceses votaram a favor de permanecer no bloco europeu no referendo do Brexit, de 2016.
“O Brexit colocou a Escócia no caminho errado. E quanto mais adiante continuarmos, mais tempo levará e mais difícil será voltar ao caminho certo”, afirmou a líder escocesa.
Sturgeon já havia sinalizado que não queria realizar um referendo ao estilo da Catalunha, que declarou unilateralmente a independência em 2017 sem o consentimento ou reconhecimento do governo nacional, resultando em nove parlamentares catalães sentenciados à prisão.
(Com Reuters)