Espanha facilita visto para atrair estudantes barrados por Trump nos EUA
Na contramão do fechamento promovido por Washington, premiê Pedro Sanchez vê a imigração como ferramenta estratégica para impulsionar o crescimento econômico

O governo da Espanha anunciou nesta terça-feira, 24, a criação de um processo acelerado de concessão de vistos para estudantes estrangeiros que foram barrados ou tiveram seus estudos interrompidos pelos Estados Unidos por conta das restrições impostas pelo presidente Donald Trump. A iniciativa, chamada EduBridge to Spain, oferece não apenas a possibilidade de transferência para universidades espanholas, como também autorização para trabalho em meio período no país.
“A Espanha é um país com enorme potencial como principal destino para talentos globais, como demonstra seu forte desempenho econômico e o fato de três milhões de estrangeiros terem escolhido nosso país para viver e trabalhar”, explicou a ministra da Migração, Elma Saizem, em comunicado oficial.
Segundo o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez, a imigração no contexto educacional é uma ferramenta estratégica para impulsionar o crescimento econômico, na contramão do fechamento promovido por Washington.
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O anúncio ocorre num momento de crescente tensão entre Trump e universidades de prestígio nos EUA, como Harvard. O presidente acusou algumas dessas instituições de se tornarem centros de antissemitismo após protestos pró-Palestina organizados por estudantes, no contexto da guerra em Gaza. No caso específico de Harvard, ele congelou verbas destinadas a pesquisas científicas e ameaçou retirar a isenção fiscal da universidade como forma de retaliação.
O agendamento para novos vistos de estudante nos EUA chegou a ser suspenso por cerca de três semanas. O processo foi reiniciado pelo Departamento de Estado, mas todos os candidatos agora serão obrigados a desbloquear suas contas em redes sociais para análise do governo.
A medida do governo da Espanha mira os estudantes estrangeiros que não podem ou não querem mais estudar nos EUA. O plano inclui caminhos flexíveis para alunos que estão finalizando o ensino médio até aqueles que desejam ingressar em programas de mestrado.
Para acelerar a integração, um grupo de trabalho interministerial foi criado e prevê a matrícula dos estudantes já no semestre que começa em setembro, com uma segunda fase a partir de janeiro de 2026. O pacote prevê também a simplificação de procedimentos nos consulados espanhóis nos Estados Unidos, tanto para alunos quanto para professores e pesquisadores.
Hoje, a Espanha já está entre os três destinos mais procurados por estudantes norte-americanos interessados em estudar fora, atrás apenas do Reino Unido e da Itália. Segundo dados do portal educacional Open Doors, cerca de 20 mil vistos são solicitados anualmente por quem busca cursar parte da graduação ou pós-graduação em universidades espanholas.