A Espanha registrou uma onda de calor recorde para o mês de maio com alertas de temperaturas em dezessete regiões espalhadas pelo país. Em Jaén, na Andaluzia, a temperatura chegou a 40,3ºC, de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia espanhola, e meteorologistas locais ressaltaram se tratar de “algo praticamente impossível de acontecer no país”.
Segundo a agência, os termômetros da cidade marcaram 16ºC acima do esperado na região nessa época do ano. De acordo com a Reuters, no último sábado, 21, pessoas do sul do país chegaram a se banhar em fontes públicas devido ao forte calor que atingiu o local.
Nas primeiras horas da manhã de sábado, os termômetros já indicavam mais de 25ºC, temperatura “extremamente quente” para a época do ano em grande parte do centro e sul da Espanha.
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No resto do país, as temperaturas ficaram cerca de 7ºC acima da média normal para maio. Para Ruben del Campo, porta-voz da agência estatal de meteorologia, “esse episódio é muito incomum e pode ser um dos mais intensos dos últimos vinte anos”.
Em Segóvia, no centro, foi registrada a primeira “noite tropical” de maio da história, nome dado quando a temperatura fica acima dos 20ºC no período.
A Espanha se junta a vários outros países do mundo que estão sofrendo com altas temperaturas nos últimos anos, como Estados Unidos, Índia, Paquistão e outros vizinhos europeus.
Na última quarta-feira, 18, um relatório das Nações Unidas sobre o clima apontou que quatro indicadores-chave do avanço da mudança climática bateram novos recordes em 2021. O documento alerta ainda que o sistema global de obtenção de energia está levando a humanidade à catástrofe e pede uma transição para energias renováveis.
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As concentrações de gases causadores do efeito estufa, o aumento do nível do mar, o aumento do calor e a acidificação dos oceanos atingiram os níveis mais altos já vistos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU em seu relatório Estado do Clima Global para 2021.
“Nosso clima está mudando diante de nossos olhos. O calor retido pelos gases de efeito estufa induzidos pelo homem aquecerá o planeta por muitas gerações”, disse o chefe da OMM, Petteri Taalas, que acrescentou que, sem mudanças bruscas, todos os medidores vão continuar aumentando “por centenas de anos, a menos que sejam inventados meios para remover o carbono da atmosfera”.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, os picos de temperatura passarão a ser mais frequentes conforme o planeta fica mais quente. Não existem mais dúvidas de que a humanidade é a responsável pelo avanço do aquecimento global. Para os cientistas, a questão não é mais se a temperatura poderá ou não subir, mas sim quanto.