Em uma virada histórica, a Nova Frente Popular, aliança entre partidos de esquerda, venceu as eleições legislativas na França no segundo turno, realizado neste domingo, 7, após conquistar 182 assentos na Assembleia Nacional do país — equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. O pleito contou com 60% dos eleitores, o maior número em 40 anos. Apesar da vitória, a coalização precisará de novas alianças para governar, já que não conseguiu formar maioria.
O Juntos, do centro, conseguiu 168 assentos, enquanto o Reunião Nacional, da extrema direita, ficou em terceiro lugar, com 143 assentos. No primeiro turno, o partido de Marine Le Pen havia conseguido sair na frente dos concorrentes, mas fracassou no segundo.
Com o resultado da eleição, o Parlamento francês pode enfrentar um grande impasse com a divisão em três grandes grupos — a esquerda, os centristas e a extrema direita, que têm plataformas extremamente diferentes e nenhuma tradição de trabalho em conjunto.
Comparecimento às urnas pode bater recorde
O pleito que aconteceu neste domingo corresponde ao segundo turno das eleições legislativas. Segundo a mais recente projeção do Ministério do Interior da França, divulgada às 12h de Brasília (17h no horário local), o comparecimento às urnas estava em torno de 60% do eleitorado, participação sem precedentes para um país onde o voto é facultativo e costuma-se ter engajamento muito maior na votação para o Executivo.
No segundo turno das eleições legislativas de 2022, no mesmo horário, o comparecimento do eleitorado foi estimado em 38%. Já no primeiro turno de 2024, que ocorreu no último domingo, 30, a participação chegou a 66,7% dos eleitores aptos a votar — maior proporção desde 1997, quando o engajamento para a votação legislativa chegou a 67,9%.
Festa na esquerda, decepção para a direita
Os resultados já suscitaram reações de representantes políticos em outros países europeus, ao longo de todo o espectro. Por meio das redes sociais, o primeiro-ministro centrista da Polônia, Donald Tusk, declarou que as estimativas causam “entusiasmo em Paris, decepção em Moscou e alívio em Kiev” — a publicação faz alusão ao contínuo apoio da França à Ucrânia na resistência à invasão pela Rússia, que poderia ser interrompido com uma vitória da direita de Le Pen, alinhada ao presidente russo, Vladimir Putin. “É suficiente para estarmos felizes em Varsóvia”, afirmou o chefe do governo polonês.