Estados Unidos: Em memória de mais um massacre
“A supremacia branca é um veneno, um veneno. E estamos permitindo que ela se espalhe e supure na frente dos nossos olhos”, disse o presidente Joe Biden
Barbaridade que virou marca registrada dos Estados Unidos: um sujeito chega sozinho, armado até os dentes, e atira indiscriminadamente, matando quem estiver por perto. Aconteceu de novo, em Buffalo, no estado de Nova York, com requintes de crueldade. O assassino, Payton Gendron, de apenas 18 anos e distorcida convicção de que está em marcha um complô para aniquilar brancos e promover a ascensão de outras raças, tinha uma câmera no capacete para transmitir o massacre nas redes sociais — dez mortos e dois feridos em um mercado escolhido a dedo, a 300 quilômetros de sua casa, por se localizar em uma área predominantemente negra. “A supremacia branca é um veneno, um veneno. E estamos permitindo que ela se espalhe e supure na frente dos nossos olhos”, disse o presidente Joe Biden, ao lado da mulher, Jill, que depositou flores em um memorial improvisado para as vítimas. Gendron foi preso e a polícia investiga postagens em que se identifica como fascista e supremacista. Entre as vítimas estão Celestine Chaney, morta ao comprar morangos para fazer uma torta, e Andre Mackniel, que perdeu a vida ao ser baleado buscando o bolo do aniversário de 3 anos do filho. Apenas nos primeiros cinco meses de 2022 houve 198 ataques do gênero no país, segundo o Gun Violence Archive, que registra na estatística agressões com quatro ou mais pessoas baleadas, sem incluir o atirador. Todos os esforços até agora para controlar a venda de armas, uma bandeira do governo Biden que dificultaria essas carnificinas, foram em vão.
Publicado em VEJA de 25 de maio de 2022, edição nº 2790