O Iraque e os Estados Unidos acusaram o Estado Islâmico (EI) de ter destruído, nesta quarta-feira, a mesquita Al Nuri, situada em Mossul, no norte do Iraque, onde o comandante do grupo terrorista, Abu Bakr Baghdadi, proclamou em 29 de junho de 2014 o “califado” que incluía partes da Síria e Iraque. A mesquita e seu minarete (torre fina e alta) eram um símbolo de Mossul e um patrimônio histórico do Iraque.
As forças iraquianas divulgaram imagens, captadas por câmeras aéreas, que mostram as ruínas do monumento. “As gangues de terror do Estado Islâmico cometeram outro crime histórico ao explodirem a mesquita de Al Nuri e seu minarete”, informou o comunicado militar iraquiano. O porta-voz do comando de Operações Conjuntas, Yahya Rasul, disse à emissora de televisão curdo-iraquiana Rudaw que os combatentes do Estado Islâmico colocaram explosivos no templo enquanto as tropas iraquianas avançavam na cidade.
O grupo terrorista, no entanto, nega que tenha destruído e culpa os bombardeios da coalizão. Em um comunicado emitido pelo órgão de propaganda vinculado aos jihadistas, o Estado Islâmico afirma que foram as aeronaves dos Estados Unidos que destruíram a mesquita. A versão dos terroristas foi refutada por autoridades americanas. “É um crime contra o povo de Mosul e do Iraque, e um exemplo do porquê essa brutal organização precisa ser aniquilada”, afirmou o major Joseph Martin, líder das forças terrestres da coalizão.
O Exército do Iraque havia anunciado na última segunda-feira que lançaria um ataque contra a cidade para expulsar o Estado Islâmico de Mossul.
“Após violentos combates iniciados nesta madrugada e que se estenderam durante todo o dia, as unidades das forças antiterroristas conseguiram chegar a dezenas de metros da entrada da mesquita”, informou o comandante, Sami Kadem Ardi, à agência Efe. O primeiro-ministro do Iraque, Haider Abadi, afirmou que o ato equivale a “um anúncio oficial da derrota” do Estado Islâmico.
A Mesquita
A mesquita de Al Nuri foi construída em 1172 e era o maior símbolo da cidade de Mossul. O monumento era conhecido por seu minarete, que possuía forma cilíndrica e altura de 45 metros, com uma inclinação de vários graus, semelhante à torre de Pisa.
A mesquita foi desmontada e restaurada em 1942, em um projeto de restauração do Ministério de Antiguidades iraquiano. Entretanto, o minarete se manteve intacto.
Em 2012, a Unesco assinou um acordo com as autoridades iraquianas para restaurar o minarete e evitar o perigo de derrubada, mas o projeto foi abandonado dois anos depois quando o Estado Islâmico conquistou a cidade.
Os cidadãos de Mossul estavam muito preocupados pelo risco que corria a integridade do monumento quando as forças iraquianas anunciaram a proximidade do ataque na segunda-feira passada.
A campanha pela cidade velha começou em outubro do ano passado. Mossul possui uma importância estratégica histórica, pois todos os governos que a dominaram no passado, eram os que detinham o poder da região. Além disso, ela sedia a maior base de arrecadação de impostos e de campos de petróleo do Estado Islâmico, superando, até mesmo Raqqa, a capital do califado do grupo terrorista.
Em janeiro, as tropas iraquianas libertaram os bairros ao leste do rio Tigre e, desde fevereiro, estão combatendo os terroristas no oeste da cidade, que antes da ocupação do Estado Islâmico, em 2014, chegou a ter cerca de dois milhões de habitantes.
(Com agência EFE)