EUA apresentam resolução na ONU para ‘cessar-fogo imediato’ em Gaza
A proposta, que condiciona trégua à liberação dos reféns israelenses pelo Hamas, marca mudança de tom de Washington, que havia vetado textos semelhantes
Os Estados Unidos apresentaram um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU pedindo um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza. A proposta condiciona a trégua no enclave palestino à libertação dos reféns mantidos pelo Hamas no conflito com Israel, que já passa de cinco meses. A informação foi confirmada pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante sua viagem à Arábia Saudita, nesta quinta-feira, 21, e marca uma mudança de tom de Washington, que já havia usado seu poder de veto no Conselho para barrar três resoluções semelhantes.
“Esperamos sinceramente que os países apoiem isso. Penso que isso enviaria uma mensagem forte, um sinal forte. Mas, claro, apoiamos Israel e o seu direito de se defender”, disse Blinken em entrevista ao canal de notícias estatal da Arábia Saudita, Al Hadath. “Acho que as disparidades estão diminuindo e acho que um acordo é muito possível”, acrescentou o secretário americano.
O texto mais atualizado da resolução dos Estados Unidos, obtido pela agência de notícias AP, “apoia inequivocamente os esforços diplomáticos internacionais para estabelecer um cessar-fogo imediato e sustentado como parte de um acordo que liberta os reféns e que permite a base para uma paz mais duradoura para aliviar a crise humanitária”. O texto anterior usava o termo “temporário”, que agora foi substituído.
Apoio dos EUA a Israel
Na entrevista, Blinken foi questionado sobre como Washington pode estar pressionando Israel a realizar um cessar-fogo imediato enquanto “continua a apoiá-los financeira e militarmente”, e tendo vetados, nas Nações Unidas, todas as últimas propostas de resolução que pediam o fim dos combates.
O chefe da diplomacia americana justificou que a resolução dos Estados Unidos perante o Conselho de Segurança “pede um cessar-fogo imediato vinculado à libertação de reféns”. Ele também enfatizou que seu país continua “ao lado de Israel e do seu direito de se defender”, mas que, ao mesmo tempo, “é imperativo que nos concentremos nos civis que estão em perigo e que sofrem tão terrivelmente e que os tornemos uma prioridade”.
“Estamos pressionando por isso o máximo que podemos”, garantiu Blinken.
Histórico americano na ONU
Os Estados Unidos já vetaram três resoluções anteriores do Conselho de Segurança da ONU que pediam a suspensão dos combates — a última delas, em fevereiro, porque se opuseram justamente à palavra “imediata”. No entanto, o governo do presidente americano, Joe Biden, começou recentemente a circular o seu próprio projeto que mencionava pela primeira vez um cessar-fogo, embora com várias condições.
No início de março, a vice-presidente americana, Kamala Harris, apelou por um “cessar-fogo imediato”. Nesta semana, com o iminente ataque de Israel em Rafah, cidade que abriga quase 1,5 milhão de palestinos que foram deslocados de outras regiões do enclave pela guerra, o próprio Biden disse que a incursão seria “um erro” e fez críticas ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.