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EUA congelam US$ 65 milhões em ajuda a refugiados palestinos

Corte de verbas tende a aumentar dificuldades na Faixa de Gaza; ONU solicita doações à UNRWA de outros países

Por Da redação
Atualizado em 19 jan 2018, 15h18 - Publicado em 18 jan 2018, 21h06

Os Estados Unidos comunicaram na última terça-feira à ONU que congelariam quase a metade do total de sua contribuição à agência que atende os refugiados palestinos, 65 milhões de dólares (aproximadamente 209 milhões de reais), informou à Agência EFE um funcionário do alto escalão do governo americano.

O Departamento de Estado americano enviou uma carta à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) na qual se comprometia em contribuir com 60 milhões de dólares nos próximos dias, mas informava que congelaria 65 milhões adicionais à espera “de uma avaliação futura”.

“É necessário fazer uma reavaliação fundamental da UNRWA, tanto na maneira em que opera como na maneira em que é financiada”, acrescentou o funcionário, que lembrou que os EUA foram o maior contribuidor da agência durante décadas e que nos últimos anos a sua ajuda financeira representou 30% de seu orçamento total.

Os 65 milhões congelados são também quase a metade do total de 125 milhões de dólares (aproximadamente 402 milhões de reais) que os Estados Unidos repassariam à UNRWA em 1º de janeiro deste ano.

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Em 2016, segundo os últimos dados divulgados pela ONU, os Estados Unidos contribuíram com 152 milhões (489 milhões de reais) ao programa da agência, 39 milhões de dólares a mais que o segundo maior doador, a União Europeia.

“Como em toda a ONU, não se deveria pedir aos Estados Unidos que sejam responsáveis por uma parte desproporcional destes custos. É hora de outros países, alguns deles bastante ricos, fazerem a sua parte para melhorar a segurança e a estabilidade regional”, argumentou o funcionário do governo americano.

O país prometeu entrar em contato com “todas as partes envolvidas” para debater esse ponto e “examinar reformas nas operações da UNRWA”.

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“É tempo de uma mudança. Os Estados Unidos continuam comprometidos em ajudar os mais vulneráveis (…). Se há necessidades adicionais urgentes, pedimos a outros para que façam também a sua parte, não só aos mais de 50 países que contribuíram no passado, mas também a outros que têm os meios e ainda não deram seu apoio”, declarou o funcionário.

A ONU admitiu temer a possibilidade de que os Estados Unidos cortassem seu financiamento a uma agência que considera um “importante fator de estabilidade” na região.

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“Estamos muito preocupados”, afirmou o secretário geral da ONU, António Guterres, em uma entrevista coletiva na qual explicou não ter recebido uma comunicação oficial do congelamento de verbas.

Perguntada a respeito, a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, se limitou a dizer que não tinha novas informações a respeito e reiterou que o que o governo americano deseja que “ambos israelenses e palestinos sentem-se à mesa para negociar um acordo de paz”.

Pedido de doação

O chefe da UNRWA pediu nesta quarta-feira doações internacionais, após o congelamento da ajuda americana.

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Os palestinos, já irritados com a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de reconhecer em 6 de dezembro Jerusalém como capital de Israel, denunciaram a decisão, que pode aprofundar dificuldades na Faixa de Gaza, onde a UNRWA ajuda grande parte da população de 2 milhões de pessoas.

O comissário-geral da UNRWA, Pierre Kraehenbuehl, disse que irá apelar para outros países doadores por dinheiro e realizar uma “campanha global de financiamento” com objetivo de manter abertas as escolas e clínicas da agência para refugiados durante 2018 e no futuro.

“Está em jogo a dignidade e segurança humana de milhões de refugiados palestinos, em necessidade de assistência alimentar emergencial e outros auxílios na Jordânia, no Líbano, na Síriana Cisjordânia e na Faixa de Gaza”, disse em comunicado.

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Kraehenbuehl disse que 525 mil meninos e meninas em 700 escolas da UNRWA podem ser afetados pelo corte de financiamento, assim como acesso palestino a cuidados de saúde primários, mas prometeu manter as instalações abertas ao longo de 2018 e no futuro.

A UNRWA começou a funcionar em 1950 e atende mais de 4 milhões de refugiados palestinos nos territórios ocupados por Israel, na Jordânia, na Síria e no Líbano.

(Com EFE e Reuters)

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