EUA criam força no Mar Vermelho após ataques de aliados do Hamas a navios
Secretário de Defesa americano inicia operação multinacional para proteger barcos comerciais de rebeldes do Iêmen, que ligam retaliação à guerra em Gaza
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, anunciou nesta terça-feira, 19, que o governo americano inaugurou uma operação multinacional para proteger navios comerciais no Mar Vermelho. A instauração da força militar na região ocorre após uma série de ataques por parte dos rebeldes houthi, do Iêmen, contra embarcações que atracam em Israel, em apoio ao grupo terrorista palestino Hamas e contra as ações do exército israelense em Gaza.
Nas últimas semanas, os houthis intensificaram os ataques com mísseis e drones, que começaram no mês passado, contra navios internacionais que navegavam pelo Mar Vermelho. Muitas embarcações foram forçadas a mudar de rota, como a Maersk e a petrolífera BP, o que acrescentará dias ao tempo de viagem e já fez os preços do barril de petróleo dispararem.
A guerra Israel-Hamas, que começou em 7 de outubro, atraiu os Estados Unidos e os seus aliados para o lado de Tel Aviv, enquanto o Irã e suas milícias em países árabes saíram em defesa ao Hamas, arriscando um conflito regional mais amplo.
“Operação Guardião da Prosperidade”
Austin, que está em viagem ao Bahrein, onde fica o quartel-general da Marinha dos Estados Unidos no Oriente Médio, disse que o Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Itália, Holanda, Noruega, Seychelles e Espanha estão entre as nações envolvidas na nova operação de segurança. O grupo conduzirá patrulhas conjuntas no sul do Mar Vermelho e no Golfo de Aden.
“Este é um desafio internacional que exige ação coletiva”, disse Austin em comunicado, anunciando a “Operação Guardião da Prosperidade”.
Numa reunião virtual com ministros de mais de 40 nações, Austin apelou a outros países para condenarem as “ações imprudentes dos houthis”.
Não está claro, porém, se outros países estão dispostos a fazer o que a maioria dos navios de guerra americanos fizeram nos últimos dias – abater mísseis e drones dos rebeldes iemenitas e correr em auxílio de navios comerciais sob ataque.
Ameaças
Os houthis, que controlam grandes áreas do Iêmen e estão em guerra civil contra o governo oficial desde 2014, ameaçaram atacar todos os navios que se dirigem para Israel, independentemente da sua nacionalidade. Eles também dispararam mísseis contra o território israelense a mais de 1.600 quilômetros de distância.
Nesta terça, o grupo disse que a iniciativa de segurança liderada pelos Estados Unidos não os impediria de continuar as operações e que estavam preparados para enfrentar a coligação. Os houthis reivindicaram a autoria de um ataque com drones a dois navios de carga na região na segunda-feira 18.
Cerca de 12% do tráfego marítimo mundial ocorre pelo Canal de Suez, a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia, passando também pelas águas do Mar Vermelho, que banha o Iêmen. O impacto verdadeiro que os distúrbios terão no comércio global dependem de quanto tempo a crise vai durar.