Após Noruega, Espanha e Irlanda anunciarem nesta quarta-feira, 22, que vão passar a reconhecer um Estado da Palestina, a Casa Branca criticou “declarações unilaterais” sobre o assunto e voltou a defender que a criação de um país para os palestinos seja definida por meio de negociações com Israel. Segundo autoridades do governo americano, só assim seria possível garantir o estatuto do Estado judaico e a “segurança para o povo palestino”.
Durante coletiva de com a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, e o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, em Washington, Sullivan foi questionado sobre o anúncio da Irlanda, Espanha e Noruega, de que irão reconhecer formalmente um Estado palestino em 28 de Maio.
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“Acreditamos numa solução de dois Estados que deve ser alcançada por negociações diretas entre as partes, e não por declarações unilaterais”, disse ele, acrescentando: “Acreditamos que a única maneira de alcançar uma solução de dois Estados é através de negociações diretas”.
Sullivan evitou dizer a palavra Palestina.
Isolamento de Israel
E, quando questionado sobre o crescente isolamento diplomático de Israel em relação à sua ofensiva militar em Gaza, o Secretário de Segurança Nacional reconheceu que “certamente vimos um crescente coro de vozes que anteriormente apoiavam Israel se deslocando para a outra direção. Isso nos preocupa.”
Sullivan acrescentou, porém, que isso apenas reforçou o desejo dos Estados Unidos de ver uma maior “integração regional”, com uma solução de dois Estados para israelenses e palestinos, além da aproximação entre Tel Aviv e “os Estados árabes modernos”, que ele discutiu recentemente durante uma viagem à Arábia Saudita.
Reconhecimento do Estado palestino
Em declaração quase que simultânea, Espanha, Noruega e Irlanda anunciaram nesta quarta-feira, 22, o reconhecimento de um Estado Palestino Independente. A decisão, segundo o presidente do governo espanhol, Pedro Sanchez, o primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, e o ministro das Relações Exteriores norueguês, Espen Barth Eide, entrará em vigor na terça-feira, dia 28.
Segundo Simon Harris, há esperança de que outros países europeus adotem a mesma postura de Madri, Dublin e Oslo. “Hoje, a Irlanda, a Noruega e a Espanha anunciam que reconhecemos o Estado da Palestina”, afirmou o premiê irlandês. “Antes do anúncio de hoje, falei com vários outros líderes e estou confiante de que mais países se juntarão a nós para dar esse importante passo nas próximas semanas”, acrescentou.
Israel reage
Diante da decisão, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ordenou a saída imediata de seus embaixadores na Irlanda e na Noruega. Segundo ele, reconhecer um Estado Palestino “mina o direito de Israel à autodefesa e os esforços para devolver os 128 reféns detidos pelo Hamas em Gaza” e “envia uma mensagem aos palestinos e ao mundo de que o terrorismo compensa”.
“Israel não ficará em silêncio. Estamos determinados a alcançar os nossos objetivos: restaurar a segurança dos nossos cidadãos e a remoção do Hamas e o regresso dos reféns. Não existem objetivos mais justos do que esses”, salientou Katz, que disse ainda que “se a Espanha concretizar sua intenção de reconhecer um Estado Palestino, uma medida semelhante será tomada contra ela”.
Além disso, o ministro das Finanças israelense, Bezazel Smotrich, cancelou os repasses do governo à Autoridade Palestina, justificando que o órgão que governa parcialmente o território palestino da Cisjordânia ocupada incitou a iniciativa das nações europeias.