As Forças Armadas dos Estados Unidos divulgaram nesta sexta-feira, 14, um vídeo que afirmam mostrar a Guarda Revolucionária iraniana removendo uma mina naval que não explodiu de um dos petroleiros alvejados ontem no Golfo de Omã.
O governo americano diz que a nova evidência prova a participação de Teerã no ataque. O Irã, contudo, nega estar envolvido.
Os dois navios atacados nesta quinta-feira 13, o MT Front Altair, de propriedade norueguesa, e o Kokuka Courageous, de propriedade japonesa, estavam carregados de produtos petrolíferos. Os proprietários das embarcações ainda não esclareceram como a operação foi realizada ou o que causou o dano aos barcos.
As imagens divulgadas pelos americanos hoje mostram o Kokuka Courageous. Um barco de patrulha da Guarda Revolucionária iraniana chega ao lado do navio e remove a mina, para apagar qualquer evidência de seu envolvimento no ataque, afirmou o porta-voz do Comando Central dos EUA, capitão Bill Urban.
“Os Estados Unidos e a comunidade internacional estão prontos para defender nossos interesses, incluindo a liberdade de navegação”, disse Urban. Segundo ele, o país “não tem interesse em se envolver em um novo conflito no Oriente Médio. No entanto, defenderemos nossos interesses”.
O Irã negou a acusação. “A guerra econômica e o terrorismo dos Estados Unidos contra o povo iraniano, bem como sua presença militar massiva na região, foram e continuam a ser as principais fontes de insegurança e instabilidade na região do Golfo Pérsico e a ameaça mais significativa à sua paz e segurança”, disse o país persa em comunicado.
“O fato de os Estados Unidos aproveitarem imediatamente a oportunidade para fazer acusações contra o Irã, revela que (Washington e seus aliados árabes) passaram para o plano B: a sabotagem diplomática e maquiagem do seu #TerrorismoEconômico contra o Irã”, reagiu o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, no Twitter.
Embora Teerã tenha negado estar envolvido no ataque, o regime iraniano usou minas anteriormente contra petroleiros em 1987 e 1988, na “Guerra dos Navios”, quando a Marinha americana escoltou embarcações pela região.
As autoridades norueguesas falaram de um ataque, relatando três explosões a bordo do petroleiro Front Altair, de propriedade da empresa Frontline. Nenhum membro da tripulação ficou ferido.
O segundo navio, o Kokuka Courageous, foi alvejado, mas toda a tripulação foi resgatada depois de abandonar o navio, e sua carga de metanol está intacta.
O proprietário da embarcação japonesa, Yutaka Katada, disse que seus marinheiros viram “objetos voadores” antes do ataque, sugerindo que o navio não foi danificado por minas navais. O presidente da empresa não ofereceu nenhuma evidência para sua alegação.
Os ataques a navios petroleiros e instalações petrolíferas no Golfo podem perturbar o abastecimento do mercado global e provocar um conflito armado envolvendo o Irã, dizem analistas.
Teerã e Washington estão envolvidos numa disputa de alto risco desde a retirada unilateral em maio de 2018 do governo Trump do acordo nuclear com o Irã e a reintrodução das sanções americanas contra Teerã. Sem mencionar as invectivas e ameaças mútuas dos últimos meses, bem como os reforços militares dos Estados Unidos na região.
Conselho de Segurança
Os Estados Unidos pediram na quinta-feira ao Conselho de Segurança da ONU que enfrente a “clara ameaça” representada pelo Irã após os supostos ataques no Golfo de Omã.
O Conselho se reuniu para escutar o embaixador americano Jonathan Cohen, que apresentou um relatório sobre a responsabilidade de Teerã.
Os ataques desta quinta ocorrem um mês depois de outro incidente similar, contra quatro petroleiros diante da costa dos Emirados Árabes Unidos, e “demonstram a clara ameaça que o Irã representa para a paz e a segurança internacionais”, disse Cohen.
“Pedi ao Conselho de Segurança que se mantenha atento ao assunto e espero que tenhamos mais conversas sobre como agir nos próximos dias”.
A posição de Washington não foi compartilhada por outros membros do Conselho, que não veem evidência clara para vincular o Irã aos ataques, destacaram fontes diplomáticas.
O embaixador do Kuwait, Mansour Al Otaibi, revelou que membros do Conselho condenaram a violência e muitos pediram uma investigação para determinar os fatos. “Gostaríamos de saber quem está por trás deste incidente”, disse.
(Com Estadão Conteúdo e AFP)