Os Estados Unidos e a Coreia do Sul anunciaram nesta segunda-feira, 12, que realizarão exercícios militares conjuntos a partir da próxima semana para aprimorar capacidades de defesa e dissuasão contra ameaças nucleares da Coreia do Norte. Os treinos serão realizados entre 19 e 29 de agosto, com o objetivo de aumentar “a capacidade geral da nação para a guerra total” através de “exercícios de preparação para a guerra e simulações reais de agências governamentais, incluindo respostas a ataques cibernéticos e terrorismo”, disse o porta-voz sul-coreano, Lee Sung Joon.
“Ao se concentrar em combater as ameaças das armas de destruição em massa da Coreia do Norte, a aliança Coreia do Sul-EUA fortalecerá ainda mais sua capacidade e respostas conjuntas a qualquer provocação com operações multidomínio usando vários recursos”, acrescentou Lee durante coletiva de imprensa ao lado do porta-voz das Forças dos EUA na Coreia, Ryan Donald.
Ele afirmou que 19 mil soldados sul-coreanos participarão dos exercícios, definidos como “elemento essencial para manter uma forte postura de defesa para proteger a República da Coreia”. Donald, por sua vez, não informou a quantidade de militares americanos que estarão envolvidos e se ativos estratégicos dos EUA serão utilizados, mas que as unidades de ambos os países “executarão exercícios combinados de treinamento de campo em todos os domínios”.
“Manobras de campo e exercícios de fogo real fortalecerão a interoperabilidade da aliança enquanto demonstram nossas capacidades e determinação combinadas”, concluiu.
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Trocas no governo e ameaça nuclear
Ainda nesta segunda-feira, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, nomeou o chefe de segurança presidencial Kim Yong-hyun como ministro da Defesa, substituindo Shin Won-sik, que agora ocupa o cargo de conselheiro de Segurança Nacional. As mudanças ocorrem em meio às tensões na Península Coreana, enquanto o líder norte-coreano, Kim Jong-un, acelera o desenvolvimento de armas através da aliança com a Rússia, em guerra contra a Ucrânia desde 2022.
Frente a reiteradas ameaças de Kim, Seul, Washington e Tóquio ampliaram exercícios militares conjuntos, ao passo que aprimoram estratégias de dissuasão nuclear. Em junho, autoridades da Defesa da Coreia do Sul e dos Estados Unidos se reuniram para acordar novas diretrizes de resposta a um possível ataque nuclear da Coreia do Norte. Políticos de Seul também tentaram negociar o desenvolvimento de armas nucleares sul-coreanas, mas Washington se opõe à ideia. A próxima reunião entre os aliados acontecerá nos EUA no final deste ano.
Ainda em junho, a Força Aérea dos Estados Unidos realizou uma missão de treinamento sobrevoando a Península da Coreia com um bombardeiro estratégico B-1 ao lado de caças sul-coreanos e americanos. O exercício militar aconteceu um dia após a Coreia do Sul anunciar a suspensão de um pacto militar firmado em 2018 com a sua vizinha do Norte, que visava prevenir confrontos e amenizar as tensões entre os vizinhos. Isso depois de Pyongyang lançar centenas de balões com fezes e lixo através da fronteira sul-coreana, ação controversa que continuou neste mês.
No ano passado, a Coreia do Norte afirmou que não estava mais “vinculada ao Acordo Militar Norte-Sul” e enviou soldados e armas para a fronteira entre os países. O cancelamento desse pacto permite que Seul conduza treinamentos militares na fronteira e tome “medidas suficientes e imediatas” contra Pyongyang.