Os Estados Unidos esboçaram uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que pede um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza “o mais rápido possível” e que se opõe à ofensiva terrestre de Israel na cidade de Rafah. O documento, apresentado nesta segunda-feira, 19, diz que o Conselho de Segurança deveria destacar “seu apoio por um cessar-fogo temporário em Gaza o mais rápido possível, com base na fórmula de que todos os reféns sejam libertados”, enquanto ao mesmo tempo “suspende todas as barreiras à entrega de assistência humanitária” em Gaza.
Depois de resistência de Washington a apoiar um cessar-fogo regional, o movimento segue a recente conversa que o presidente americano, Joe Biden, teve com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. No início do mês, o democrata reconheceu que a resposta militar de Israel foi “exagerada,”, citando o alto número de mortes entre civis palestinos.
Pelo menos 29.092 pessoas morreram e 69.028 ficaram feridas em ataques israelenses a Gaza desde 7 de outubro, segundo as autoridades palestinas. Entre israelenses, ao menos 1.139 pessoas foram mortas nos ataques liderados pelo grupo militante palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro.
O esboço diz também que uma grande ofensiva terrestre em Rafah “resultaria em mais danos aos civis e no seu maior deslocamento, incluindo potencialmente para países vizinhos”. Atualmente, Israel planeja atacar a cidade onde estão abrigados mais de 1,5 milhão dos 2,3 milhões de palestinos em Gaza, elevando a preocupação internacional sobre um agravamento da crise humanitária.
Não é claro, no entanto, quando ou até mesmo se o projeto de resolução será submetido a votação no Conselho de Segurança. Qualquer resolução precisa de pelo menos 9 votos a favor e nenhum veto de EUA, Rússia, China, França ou Reino Unido para ser aprovada.
O esboço foi adotado depois que a Argélia, único país árabe do conselho, solicitar no sábado uma votação na terça-feira seu projeto de resolução, que exigiria um cessar-fogo. No entanto, a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, sinalizou que seria vetado, dizendo que uma aprovação poderia comprometer as “negociações sensíveis” sobre reféns israelenses em Gaza.
Durante votações, Washington vetou duas vezes resoluções do Conselho de Segurança e se absteve outras duas vezes, permitindo que o conselho adotasse resoluções que visavam aumentar as entregas de ajuda humanitária a Gaza.
Rafah
No domingo, Benny Gantz, membro do gabinete de guerra e ex-ministro da Defesa de Israel, afirmou que o Hamas tem até 10 de março, data que coincide com o início do Ramadã, mês sagrado islâmico, para libertar todos os reféns israelenses. Caso contrário, será lançada a já anunciada ofensiva contra Rafah, cidade ao sul que abriga cerca de 1,5 milhão de deslocados internos da guerra em Gaza.
Na semana passada. o chefe de assuntos humanitários das Nações Unidas, Martin Griffiths, alertou que um ataque terrestre de Israel contra Rafah poderia levar a um “massacre”. Segundo ele, Gaza já estava sofrendo um “ataque sem paralelo em sua intensidade, brutalidade e alcance”, mas as consequências de uma invasão de Rafah seriam ainda mais “catastróficas”.
De acordo com o funcionário da ONU, mais de um milhão de pessoas estão “amontoadas em Rafah, encarando a morte de frente”, e que nenhuma delas tem “qualquer lugar seguro para ir”. Referindo-se à assistência das Nações Unidas aos palestinos, Griffiths acrescentou que uma invasão israelense “deixaria a operação humanitária já frágil à beira da morte”.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, disse nesta sexta-feira, 16, que as Forças de Defesa de Israel (IDF) estavam planejando operações em Rafah visando combatentes, centros de comando e túneis do Hamas, embora não tenha dado um cronograma para a campanha. Segundo ele, “medidas extraordinárias” estavam sendo tomadas para evitar mortes de mais civis.