O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs nesta sexta-feira, 15, sanções contra a cúpula militar e de inteligência do governo de Nicolás Maduro, a quem se referiu como “ex-presidente” da Venezuela. “O Tesouro continua visando as autoridades que ajudaram o regime ilegítimo de Maduro a reprimir o povo venezuelano”, afirmou o Tesouro, em comunicado.
A iniciativa põe mais pressão contra Maduro, de quem os Estados Unidos, o Grupo de Lima e parte dos países europeus esperam a renúncia. Esse conjunto de nações, entre as quais o Brasil, considera este terceiro mandato de Maduro como ilegítimo e reconhece Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
Entre os alvos das sanções estão o chefe do Serviço de Inteligência Nacional Bolivariano (Sebin), general de Exército Manuel Cristopher Figuera, e o comandante da “Guarda Presidencial de Maduro, Iván Hernández Dala, e o presidente da petroleira estatal PDVSA, Manuel Salvador Quevedo Fernández.
Washington acusa Figuera e Hernández de terem praticado “torturas em massa”. Hernández tem seu nome sublinhado por ser o “responsável por graves violações de direitos humanos e da repressão da sociedade civil e a oposição democrática”.
O Tesouro afirmou ter sancionado as cinco autoridades alinhadas ao “ilegítimo ex-presidente Nicolás Maduro, que continua reprimindo a democracia e os atores democráticos na Venezuela”, por terem praticado atos significativos de corrupção e fraude.
Além disso, Hildemaro Rodríguez Mucura, primeiro-comissário do Sebin, e Rafael Enrique Bastardo Mendoza, comandante das Forças de Ações Especiais (Faes), também estão na lista de sancionados. O Tesouro americano qualifica a Faes como “grupo de extermínio” a mando de Maduro. Trata-se, de fato, de um braço da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) que atua indiscriminadamente como um “esquadrão da morte”.
As sanções consistem no bloqueio dos bens dessas autoridades nos Estados Unidos e na proibição a toda transação financeira ou comercial delas no país ou com americanos. O Tesouro esclareceu que as sanções “não serão necessariamente permanentes, mas que têm como propósito motivar uma mudança positiva de condutas”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu que avalia “todas as opções” para solucionar a crise na Venezuela e deixa dúvidas sobre possível intervenção militar no país sul-americano. por enquanto, suas ações se restringem a sanções e a coordenações diplomáticas.
Os Estados Unidos já congelaram as contas e os ativos de venezuelanos vinculados a Maduro, inclusive os de sua mulher, Cilia Flores. Também sancionou a estatal petroleira PDVSA de forma a vetar o seu comércio com empresas americanas e a transferência de dividendos a Caracas.
O governo de Maduro calcula que esse bloqueio resultará em prejuízo de 30 bilhões de dólares. A petroleira é responsável por 96% das receitas orçamentárias do país e exporta para os Estados Unidos cerca de metade de sua produção, o que representa 75% de seu fluxo de caixa.
Washington enviou uma remessa de ajuda humanitária que ficou parada por uma semana em um centro de distribuição na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta. Maduro nega que seu país sofra uma crise humanitária ou migratória e descreve a ajuda como ponta de lança para uma intervenção militar e também como “migalhas” de “comida estragada”.
A Venezuela está mergulhada na maior crise econômica de sua história moderna, com hiperinflação estimada para este ano em 10.000.000% pelo FMI. Desde 2015, mais de 3 milhões de venezuelanos deixaram o país em busca de refúgio, segundo as Nações Unidas.
(Com AFP)