No palco do debate entre pré-candidatos presidenciais do Partido Republicano, na noite de quarta-feira 23, pairava um fantasma. Mesmo que o ex-presidente americano Donald Trump tenha faltado ao primeiro evento que marca a disputa interna para representar a legenda nas eleições de 2024 nos Estados Unidos, sua ausência disse muito.
Segundo números divulgados pela emissora Fox News, que hospedou o debate, nesta quinta-feira, 24, impressionantes 23,9 milhões de pessoas sintonizaram o canal, quebrando recordes anteriores e tornando-se o debate entre republicanos na fase das primárias com maior audiência da história.
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No entanto, dispondo de bons estrategistas, Trump viu uma oportunidade para se destacar ainda mais dos concorrentes. Uma pesquisa da CBS News publicada no último domingo 20, o ex-presidente tem 62% das intenções de voto, enquanto o segundo colocado, o governador da Flórida, Ron DeSantis, possui apenas 18%. As intenções de voto em todos os outros oponentes ficaram apenas em um dígito. Participar do debate poderia fazer dele um alvo, o que sua campanha deseja evitar.
Ao invés disso, no mesmo dia e horário, Trump divulgou uma entrevista pré-gravada de 46 minutos com o jornalista conservador Tucker Carlson, ex-apresentador da Fox News, no Twitter. O vídeo atraiu exorbitantes 74 milhões de visualizações, mais de três vezes o número de espectadores do debate.
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Não está claro, porém, por quanto tempo os visitantes do site assistiram à entrevista. As contagens de visualizações do Twitter incluem qualquer pessoa que passou pelo vídeo ou assistiu por apenas alguns segundos, bem como aqueles que visualizaram a gravação inteira. Alguns espectadores podem, ainda, ter sido contados duas vezes, se assistiram ao vídeo em horários ou dispositivos diferentes.
Carlson postou a entrevista poucos minutos antes do início do debate na Fox na noite de quarta-feira.
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“Conseguiremos audiências maiores usando este fórum maluco que você está usando do que provavelmente o debate”, disse Trump, que brigou com a Fox News, principal canal de notícias conservador dos Estados Unidos e antiga aliada do ex-presidente, por causa do que chamou de “cobertura nada lisonjeira” sobre ele.
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Carlson, por sua vez, está tentando reconquistar seu público depois que a Fox News cancelou seu programa em abril. Apesar de proporcionar a maior audiência do canal, a emissora processou o ex-apresentador por difamação, em respeito a suas alegações infundadas sobre fraude eleitoral, em consonância com a narrativa de Trump.
“Acho que foi uma atitude terrível livrar-se de você”, disse o ex-presidente a Carlson, que tem feito entrevistas semelhantes regularmente no Twitter.