Uma juíza federal dos Estados Unidos considerou nesta quarta-feira, 30, o ex-advogado de Donald Trump, Rudolph W. Giuliani, culpado por difamar duas funcionárias eleitorais do estado americano da Georgia. Durante as eleições de 2020, que alçaram o democrata Joe Biden à Casa Branca, Giuliani acusou repetidamente duas funcionárias de fraudes na contagem dos votos em Atlanta, mas sem apresentar provas.
Com a decisão da juíza Beryl A. Howell, o aliado de Trump deverá reembolsar Ruby Freeman e Shaye Moss em quase US$ 90 mil em honorários advocatícios, enquanto um novo tribunal estabelecerá o valor referente à indenização. A dupla mãe-filha atuava na contagem das cédulas quando Giuliani, acompanhado de outros republicanos, acusou Freeman e Moss de retirarem cédulas de uma mala e acrescentá-las ilegalmente de urnas na State Farm Arena, em Atlanta.
“Em vez de simplesmente seguir as regras destinadas a promover um processo de descoberta necessário para chegar a uma decisão justa sobre o mérito das reivindicações dos demandantes, Giuliani lamentou os esforços dos demandantes para garantir sua conformidade como ‘punição por processo'”, escreveu Howell.
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Em julho, Giuliani admitiu ter mentido sobre o envolvimento de Freeman e Moss na suposta fraude eleitoral no estado da Georgia. Em um documento judicial, ele reconheceu ter feito comentários “falsos” e “acionáveis”, enquanto afirmou ter deixado de questionar “elementos factuais de responsabilidade”. No entanto, o republicano alegou não ter provocado qualquer forma de dano à reputação de ambas as mulheres e que suas falas eram protegidas pela Primeira Emenda da Constituição americana, que pauta a liberdade de expressão.
Movido em 2021, o processo incluía, a princípio, outras pessoas, como contratados do canal de notícias pró-Trump One America News Network. As funcionárias eleitorais, contudo, teriam destinado à ação apenas contra Giuliani por terem resolvido as pendências com as outras partes sem a necessidade de levar o caso ao tribunal.
A deliberação da juíza Howell atestou que Giuliani, que também é ex-prefeito de Nova York, responderá por “difamação, imposição intencional de sofrimento emocional, conspiração civil e reivindicações de danos punitivos”. Ela afirmou, ainda, que a tentativa do trumpista em colocar-se como vítima no caso “frustrou” os “direitos processuais das duas mulheres para obter qualquer descoberta significativa”.
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