Ex-diretor da CIA: EUA dizimariam exército de Putin se usar arma nuclear
David Petraeus diz que o líder do Kremlin está 'desesperado' e 'a realidade do campo de batalha que ele enfrenta é irreversível'
O ex-diretor da CIA e general aposentado do Exército David Petraeus disse no domingo 2 que os Estados Unidos e seus aliados destruiriam os soldados e equipamentos da Rússia na Ucrânia e afundariam sua frota no Mar Negro se o presidente russo, Vladimir Putin, usar armas nucleares no país.
Petraeus afirmou não ter conversado ainda com o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, sobre a provável resposta de Washington à escalada nuclear da Rússia. Mas, em entrevista à emissora ABC News, ele disse que tinha uma “hipótese”.
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“Só para lhe dar uma hipótese, responderíamos liderando um esforço coletivo da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] que eliminaria todas as forças convencionais russas que podemos ver e identificar no campo de batalha na Ucrânia e também na Crimeia e em todos os navios no Mar Negro”, disse o ex-diretor da CIA.
O aviso vem dias depois de Putin expressar opiniões que muitos interpretaram como uma ameaça de uma guerra maior entre a Rússia e os aliados da Ucrânia no Ocidente.
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Petraeus lembrou que se a Rússia usasse armas nucleares na Ucrânia, isso não necessariamente arrastaria os Estados Unidos e a Otan para a guerra, porque a Ucrânia não faz parte a aliança militar e uma agressão assim não acionaria o seu Artigo 5, que exige uma defesa coletiva.
No entanto, uma “resposta dos Estados Unidos e da Otan” estaria em ordem, disse ele. O ex-diretor da CIA reconheceu que a probabilidade de que a radiação se estendesse aos países da Otan sob o guarda-chuva do Artigo 5 talvez pudesse ser interpretada como um ataque a um membro da Otan.
“O outro caso é que isso é tão horrível que tem que haver uma resposta – não pode ficar sem resposta”, afirmou. No entanto, Petraeus acrescentou que é perigoso entrar em uma escalada nuclear, “mas você tem que mostrar que isso não pode ser aceito de forma alguma”.
A autoridade militar americana também disse que, com a pressão crescente sobre Putin após os ganhos ucranianos no leste do país e a resistência à convocação militar dentro da Rússia, o líder de Moscou está “desesperado”.
“A realidade do campo de batalha que ele enfrenta é, eu acho, irreversível”, disse ele. “Nenhuma quantidade de mobilização caótica, que é a única maneira de descrevê-la; nenhum montante de anexação; nenhuma quantidade de ameaças nucleares, mesmo veladas, pode realmente tirá-lo dessa situação específica”, afirmou Petraeus.
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“Em algum momento, terá que haver reconhecimento disso. Em algum momento, terá que haver algum tipo de início de negociações”, completou. Mas Petraeus alertou que o cenário ainda pode piorar para Putin e para a Rússia, e “mesmo o uso de armas nucleares táticas no campo de batalha não mudará isso em nada”.
O senador Marco Rubio, membro republicano do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disse à emissora CNN que Putin tinha duas opções: estabelecer linhas defensivas ou bater em retirada e perder território.
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Rubio disse acreditar que é “bastante possível” que Putin possa atacar pontos de distribuição onde suprimentos dos Estados Unidos e aliados estão entrando na Ucrânia, inclusive dentro da Polônia. O senador reconheceu a ameaça nuclear, mas disse que a maior preocupação é “um ataque russo dentro do território da Otan, por exemplo, visando o aeroporto da Polônia ou algum outro ponto de distribuição”.
“A Otan terá que responder a isso”, disse ele.