Um conjunto de ex-líderes mundiais, ministros da Defesa, especialistas nucleares e diplomatas solicitaram nesta quarta-feira, 17, que os membros do G7 procurem avançar no controle do uso de armas nucleares em conflitos, de acordo com o jornal britânico. O pedido acontece durante o encontro da cúpula do grupo dos sete países mais industrializados do mundo em Hiroshima, no Japão.
A decisão de realizar o encontro no Memorial da Paz de Hiroshima parte de uma tentativa do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, de instigar as lideranças no retorno ao debate sobre o uso de armas nucleares. É também parte do plano do premiê, que é natural de Hiroshima, conduzir os participantes da reunião pelo museu do local, que expõe conteúdos gráficas sobre o lançamento de bombas atômicas americanas na cidade japonesa, em 1945.
Em meio à guerra na Ucrânia e a saída da Rússia do tratado Novo Start, que regulava arsenais nucleares, a preocupação da comunidade internacional sobre o tema alcança outro patamar. No entanto, apesar de retirar o país do acordo, a administração de Vladimir Putin, presidente russo, alega que pretende respeitar os limites estabelecidos por enquanto.
+ O que esperar da viagem de Lula à cúpula do G7, no Japão
Com a assinatura de 50 países, o pedido foi formalizado através de uma carta organizada por seis ex-chefes de Estado, 20 ministros e especialistas. Entre os signatários estão Ernesto Zedillo, ex-presidente do México, Helen Clark, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia e Ingvar Carlsson, ex-primeiro-ministro da Suécia.
O documento trata da instabilidade entre Estados Unidos e Rússia, as maiores potências nucleares, após a extinção do Novo Start e de como a falta de um novo acordo entre ambas as nações “ameaçaria uma corrida armamentista desestabilizadora”.
“O fracasso em chegar a um acordo sobre uma nova estrutura de controle de armas nucleares para substituir o Novo Start antes de expirar em fevereiro de 2026 também tornaria mais difícil trazer China, França e o Reino Unido no controle multilateral de armas, já que todos os três não estão prontos para considerar os limites de seus arsenais nucleares até que os Estados Unidos e a Rússia derrubem seus arsenais nucleares”, indica a carta.
+ Japão negocia abertura de escritório da Otan no país, diz chanceler
As autoridades pedem, ainda, para que os Estados-membros do grupo emitam uma declaração contrária aos dispositivos nucleares até o final deste mês. Ao total, o requerimento inclui 256 signatários que apresentam visões distintas sobre o cenário geopolítico, mas entendem “que já passou da hora de começar a priorizar o controle de armas nucleares e tomar ações unilaterais, bilaterais e multilaterais”. Entre os participantes estão especialistas russos, americanos e chineses.
O documento demanda, por fim, a Comissão Consultiva Bilateral, o órgão responsável por fiscalizar as instalações militares russas e americanas durante o Novo Start, retome os seus trabalhos, já que o grupo não se reúne há dois anos. Realizada entre 19 e 21 de maio, a reunião da cúpula do G7 e de países convidados tem como agenda oficial tratar de questões como democracia, mudanças climáticas e paz.