Um ex-morador de rua de 52 anos foi aceito na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma das mais prestigiosas do mundo. Geoff Edwards, natural da cidade de Liverpool, começou os estudos em Literatura Inglesa, informa o jornal britânico The Guardian. “Não posso dizer que isto seja o que sempre sonhei porque, na realidade, nem sequer pensava na universidade”, disse à publicação, a qual revelou que a leitura sempre foi sua grande paixão.
Edwards abandonou os estudos e ainda jovem deixou sua cidade natal onde vivia com os pais – ele, um carteiro, e, ela, funcionaria de um escritório. Depois disso, teve uma série de trabalhos itinerantes em fazendas pelo Reino Unido. Ao chegar a Cambridge, o agora aluno da universidade local vivia em ocupações em edifícios abandonados ou nas ruas da cidade, mas sem nunca deixar os livros de lado. Jack Kerouac, William Burroughs e John Steibeck estavam entre suas preferências literárias, aponta o jornal.
Com ajuda de instituições de caridade, Edwards começou a vender nas ruas de Londres a revista Big Issue, estruturada de forma a dar a oportunidade de moradores sem teto se reincorporar ao mercado de trabalho e à sociedade. Contudo, o britânico, que havia se estabelecido em residência fixa, passou por um período de depressão e voltou às ruas.
“Percebi que as coisas precisavam mudar, então procurei um centro de educação local para ver se eu conseguia voltar aos estudos”, disse Edward ao The Guardian. O ex-morador de rua começou então um curso em um dos colégios de Cambridge, no qual obteve excelentes qualificações em todas as matérias. Seu tutor recomendou que ele tentasse uma vaga na universidade, onde iniciou os estudos em outubro.
As universidades de Cambridge e Oxford, duas das melhores do mundo, foram alvo de críticas recentes após dados divulgados pelo parlamentar trabalhista David Lammy indicando que mais de 80% dos alunos selecionados pelos centros fazem parte das parcelas mais ricas da sociedade. “Eles estão tentando encorajar pessoas de origens diferentes a estudarem em Cambridge, o que é algo muito bom”, avaliou Edward sobre sua entrada no centro de ensino.