Iván Márquez, ex-número dois das Farc, reapareceu nesta quinta-feira, 29, em um vídeo anunciando uma nova etapa da luta armada na Colômbia. O ex-negociador de paz estava desaparecido desde o ano passado.
Na gravação postada em um canal do YouTube, Márquez, vestido de verde militar e acompanhado por Jesus Santrich, um fugitivo da justiça, enfatiza: “Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia (berço histórico da rebelião armada) começou sob proteção do direito universal que ajuda todos os povos do mundo a se levantarem contra a opressão”.
Nas selvas do sudeste da Colômbia, o ex-negociador da paz também acrescentou que seu anúncio é a “continuação da luta de guerrilha em resposta à traição do Estado aos acordos de paz de Havana”.
Os acordos de paz levaram ao desarmamento de cerca de 7.000 homens e mulheres em 2017. Também deram origem ao partido político Farc (Força Comum Alternativa Revolucionária), formado por ex-guerrilheiros.
Márquez, Santrich e outros negociadores da paz afastaram-se do pacto que visava a acabar com mais de meio século de conflito armado e que deu origem ao agora partido político e voltaram a pegar em armas.
Iván foi eleito senador em 2018, mas perdeu seu mandato por não ter tomado posse. Seu paradeiro era desconhecido desde o ano passado, quando viajou para participar de uma reunião de ex-guerrilheiros em Miravalle, no sul do país.
Segundo Márquez, o novo grupo armado procurará coordenar “esforços com os guerrilheiros do ELN e com aqueles camaradas que não dobraram suas bandeiras”.
Com cerca de 2.300 combatentes, o Exército de Libertação Nacional (ELN) é reconhecido como o último grupo guerrilheiro ativo na Colômbia e exerce forte influência na fronteira com a Venezuela.
‘Caminho da paz’
Após a divulgação do vídeo, o ex-comandante das Farc e atual presidente do partido de mesmo nome, Rodrigo Londoño, também conhecido como Timochenko, negou a retomada da luta armada.
“Mais de 90% dos ex-guerrilheiros continuam comprometidos com o processo de paz”, disse Timochenko no Twitter. “Apesar dos obstáculos e dificuldades, estamos convencidos de que o caminho da paz é o caminho certo”.
Não houve reação imediata do governo.
(Com AFP e EFE)