O ex-presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, foi preso preventivamente nesta quarta-feira, 10, em Lima acusado de envolvimento em um caso de corrupção ligado à Odebrecht.
Kuczynski, de 80 anos, deixou a casa em que vive na capital do país em um carro da Polícia Nacional do Peru e será levado primeiro ao Instituto Médico Legal. Depois, ficará detido por dez dias na sede principal da organização em Lima.
Enquanto era levado pelos agentes, Kuczynksi usou o Twitter para contestar a decisão da Justiça de prendê-lo preventivamente.
“É uma arbitrariedade. Colaborei absolutamente com todas as investigações e participei pontualmente de todas as convocações das autoridades judiciais”, criticou o ex-presidente nas redes sociais.
“Nunca me opus, e nem me oponho, a qualquer investigação”, completou Kuczynski, na série de mensagens postada no Twitter.
A ordem de prisão veio do Superior Tribunal de Justiça Especializado em Delitos de Crime Organizado, que aceitou um pedido do promotor especial da Operação Lavo Jato/Odebrecht, José Domingo Pérez, que investiga o ex-presidente.
O magistrado também autorizou a promotoria a revistar a casa de Kuczynski por 48 horas, em busca de documentos relacionados ao caso. É a segunda vez em um ano que os procuradores realizam buscas na residência do ex-presidente.
Kuczynski, um ex-banqueiro de Wall Street de 80 anos, cumprirá a sentença de prisão na sede policial da Divisão de Investigações de Alta Complexidade (Diviac) em Lima.
Eleito em 2016, renunciou em março de 2018 à Presidência em razão do escândalo, o que o tornou o primeiro presidente em exercício na América Latina a deixar o cargo no caso da Odebrecht. A prisão inclui sua ex-secretária, Gloria Kisic, e seu motorista, José Luis Bernaola.
O advogado de Kuczynski, Nelson Miranda, considerou arbitrária a sentença de prisão: “É uma decisão de que vamos recorrer”, disse a repórteres.
No Peru, o escândalo da empresa brasileira Odebrecht também afetou os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016), todos investigados pela promotoria.
A líder da oposição, Keiko Fujimori, cumpre prisão preventiva desde outubro de 2018 também por suposta lavagem de dinheiro depois de receber recursos da Odebrecht para sua campanha.
O caso
Kuczynski é acusado de corrupção por obras ocorridas no governo de Alejandro Toledo. Na época, ele foi primeiro-ministro e ministro de Economia.
A Odebrecht afirmou ter pago quase 5 milhões de dólares a PPK por ter assessorado duas empresas ligadas a Kuczinsky, a First Capital e a Westfield Capital, enquanto ele era ministro de Toledo. Até então, Kuczynski havia negado qualquer vínculo com a empresa brasileira.
Agora, os procuradores estão procurando documentos que liguem Kuczynski ao conselho da Odebrecht para essas empresas, disse uma fonte da procuradoria.
Além disso, Jorge Barata, ex-chefe da Odebrecht no Peru, disse aos promotores peruanos no Brasil que a empresa contribuiu com 300.000 dólares para a campanha presidencial de 2016 de Kuczynski por Susana de la Puente, atual embaixadora do Peru no Reino Unido.
Toledo, por sua vez, é acusado de receber 20 milhões de dólares em subornos para escolher a Odebrecht como construtora de estradas na Amazônia. O Peru solicita sua extradição dos Estados Unidos.
Kuczynski permanece no Peru desde que renunciou, impedido por uma ordem judicial de deixar o país enquanto durar a investigação. Suas contas bancárias foram confiscadas.
Um tribunal de Justiça negou-lhe em julho passado uma permissão para se submeter a exames médicos nos Estados Unidos, onde viveu durante anos como um banqueiro de sucesso.
(Com EFE e AFP)