O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, que ficou conhecido como o “chefe de Estado mais pobre do mundo” pelo seu estilo de vida campestre, confirmou no domingo 27, em meio ao dia das eleições departamentais e municipais uruguaias, sua aposentadoria em breve da política por questões de idade e saúde.
“Eu amo a política e não queria ir, mas amo ainda mais a vida. Preciso administrar bem os minutos que me restam”, disse Mujica, aos 85 anos de idade, logo após ter votado no pleito de domingo.
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Clique e AssinePepe, como é apelidado o ex-presidente, insinuou que abdicará até meados de outubro de seu cargo como senador, para o qual foi eleito em 2019. Ele alegou sofrer de uma doença imunológica crônica, a qual ele não especificou, que o impede de “ir de um lado para outro” especialmente em meio à pandemia — Mujica disse que não poderá ser vacinado para a Covid-19 por conta de sua condição de saúde.
“É claro que a política obriga a ter relações sociais e tenho que me cuidar, não posso ir de um lado para outro por causa da pandemia e isso seria algo ruim para um senador”, declarou.
Essa não é a primeira vez que Pepe Mujica se aposenta. Em 2018, antes de sua última eleição ao Senado, ele também havia anunciado que se retiraria da política por estar “cansado da longa viagem”.
Mujica se elegeu presidente do Uruguai em 2009 pela Frente Ampla, principal coalizão da esquerda uruguaia. Ele governou o país por cinco anos, entre 2010 e 2015 — a Constituição uruguaia proíbe a reeleição direta.
Durante seu mandato, Mujica ficou conhecido por suas políticas progressistas, em especial as legalizações do aborto e da maconha.
Ele ganhou o apelido de “o chefe de Estado mais pobre do mundo”, pois, mesmo na Presidência, ele optou por continuar morando em uma pequena casa em uma zona rural nos arredores de Montevidéu, dirigindo um antigo fusca azul, e usando o serviço público de saúde uruguaio sem privilégios.
Mujica também é conhecido por, durante sua juventude, ter participado da guerrilha armada contra a ditadura no Uruguai. Ele passou 13 anos na prisão entre as décadas de 1970 e 1980.
(Com EFE)