Com a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, vítima de um acidente aéreo, as atenções do mundo se voltam novamente para Ali Khamenei, líder supremo do país que ascendeu após a morte do aiatolá Ruhollah Khomeini, em 1989. É Khamenei, aos 85 anos de idade, quem vai escolher um novo presidente. Antes de se tornar líder supremo, passando a ter controle sobre os três poderes e as forças armadas, Khamenei foi eleito presidente em 1981 e reeleito em 1985. Ele apoiou Raisi na eleição de 2021.
O líder foi personagem de diversos relatórios de inteligência do Exército Brasileiro na década de 1980. Em 29 de outubro de 1985, o Ministério do Exército distribuiu para o Serviço Nacional de Informações e para os outros ministérios militares um extenso relatório de informações sobre o Irã.
Nele, o Exército informava que tinham sido submetidas à apreciação do Conselho de Guardiões cerca de 50 candidaturas para presidir o país. Apenas três haviam sido aprovadas — todas pertencentes ao Partido da República Islâmica, incluindo a de Ali Khamenei.
A conclusão do Exército foi que não houve eleições democráticas. O relatório informou que “a campanha política transcorreu em um clima de completo alheamento popular” e que “a eleição foi uma completa farsa”, saindo-se vencedor, “como já era previamente sabido”, o presidente Khamenei.
Para o Exército, as eleições no Irã confirmavam que a Revolução Islâmica, embora não contasse com o apoio das categorias sociais mais favorecidas, estava solidamente apoiada nas categorias de baixa renda. Na época em que Khamenei era presidente, o líder supremo era o aiatolá Ruhollah Khomeini. “Infelizmente, para este país, não existem lideranças, fora do clero xiita, capazes de afetar o Governo”, dizia o Exército.
Os militares brasileiros também fizeram no relatório análises sobre a economia iraniana. O documento dizia que o governo iraniano vinha anunciando seguidas quedas da taxa de inflação, mas que era especulação. “Neste país é muito difícil saber onde termina a realidade e a começa a ficção. O governo controla artificialmente preços, salários e câmbio”, dizia o Exército. Detalhe: nessa época, o Brasil ainda estava sob a ditadura militar.