Falas de Lula sobre guerra na Ucrânia são ‘problemáticas’, diz Casa Branca
Segundo porta-voz, 'Brasil está repetindo a propaganda da Rússia sem olhar para os fatos'
O chefe de comunicação do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca definiu como “profundamente problemáticas” as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra na Ucrânia. Em conversa com jornalistas nesta segunda-feira, 17, John Kirby afirmou que “o Brasil está repetindo a propaganda da Rússia sem olhar para os fatos”.
“O Brasil abordou essa questão de forma substancial e retórica, sugerindo que os Estados Unidos e a Europa de alguma forma não estão interessados na paz ou que compartilhamos a responsabilidade pela guerra”, disse.
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A fala é uma resposta às declarações de Lula de que a Ucrânia deveria considerar abrir mão da Crimeia para concretizar um acordo de paz e, em uma coletiva de imprensa no sábado 15, que os Estados Unidos e a Europa prolongam e encorajam a guerra na Ucrânia.
Perguntado sobre a visita nesta segunda-feira do chanceler russo, Sergei Lavrov, ao Brasil, Kirby disse esperar que haja pressão para que Moscou “pare de bombardear cidades, hospitais e escolas”.
Lavrov se encontrou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, pela manhã, antes de seguir para um encontro com Lula à tarde. Em entrevista à imprensa, Vieira disse ter reiterado a posição do governo brasileiro de que é necessário um cessar-fogo imediato na Ucrânia.
“Renovei a disposição brasileira em contribuir para uma solução pacífica para o conflito e facilitar a formação de um grupo de países amigos para mediar negociações entre Rússia e Ucrânia”, disse.
O “grupo de amigos” é um tema que já havia sido sugerido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vários líderes estrangeiros, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e, durante sua viagem a Pequim na semana passada, Xi Jinping. Além disso, Lula enviou seu assessor especial (e guru de política externa), Celso Amorim, para discutir as perspectivas de paz com o presidente russo, Vladimir Putin, em uma viagem discreta a Moscou no final de março.