Uma das mais famosas chefs de cozinha do Sri Lanka está entre os 207 mortos nos ataques a bomba que atingiram neste domingo, 21, oito pontos de três cidades do país asiático. Shanta Mayadunne estava com a família no hotel Shangri-La, em Colombo, capital do Sri Lanka, um dos locais onde houve explosões.
Autora de dois livros de receitas e dona de uma escola de “arte culinária”, Shanta entrou para a história no país ao se tornar a primeira mulher a apresentar um programa de gastronomia ao vivo na TV. “Misturando seus 30 anos de experiência no campo da arte culinária, Shantha Mayadunne hoje é um nome familiar para todas as casas do Sri Lanka”, diz a página oficial da chef no Facebook.
Em sua escola de culinária, Shanta Mayadunne oferecia um programa que ensinava 100 receitas “rápidas e fáceis” das cozinhas indiana, chinesa e italiana, além de sobremesas, para tornar os alunos bons cozinheiros em apenas oito dias. Saber cozinhar, dizia o anúncio das aulas, é “uma obrigação para toda a filha, esposa, mãe”.
A filha de Shanta, Nisanga Mayadunne, chegou a publicar uma foto em seu perfil no Facebook momentos antes da explosão. A imagem, que mostra a família tomando café da manhã no hotel Shangri-La, recebeu cerca de 4.600 comentários com condolências na rede social.
Oito explosões quase simultâneas ocorreram na manhã de domingo, três delas em igrejas onde fiéis celebravam a Páscoa e três em hotéis frequentados por turistas estrangeiros, entre os quais o Shangri-La. Horas depois, uma explosão em uma pousada matou pelo menos duas pessoas. Treze pessoas suspeitas de envolvimento nos atentados foram presas, mas, até o momento, nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques.
Os atentados indicam motivacão religiosa. O Sri Lankatem sido palco, há décadas, de conflitos religiosos, sobretudo entre budistas – 70,2% da população – e islâmicos – 9,7%. Os cristãos representam apenas 7,4% da população, e os hinduístas, 12,6%. No entanto, atentados desta magnitude não aconteciam no Sri Lanka desde a guerra civil entre a guerrilha tâmil e o Governo, um conflito que durou 26 anos e terminou em 2009, e que deixou segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 40.000 civis mortos.