O FBI iniciou nesta segunda-feira, 28, uma investigação contra a venda ilegal de tesouros do British Museum. No ano passado, a instituição anunciou que pedras preciosas, joias e outros itens de sua coleção estavam desaparecidos ou foram danificados. Ao todo, 1.500 peças sumiram ou foram roubadas, sendo que 626 já foram recuperadas e mais de 100 localizadas, mas ainda não devolvidas.
O FBI também já ajudou na devolução de 268 itens que pertencem ao museu e que foram vendidos a um colecionador em Washington.
A grande maioria dos itens que o museu acredita terem sido roubados ainda não foi catalogada, e por isso há dificuldades em provar que eles pertencem ao seu acervo. Em alguns casos, os colecionadores concordaram em doar as peças ao museu para que a equipe possa avaliá-las.
O crime
O suspeito por trás dos furtos e sumiços é o curador sênior Peter Higgs, que foi acusado pelo British Museum de roubar, danificar, derreter e vender artefatos antigos, gerando para si um lucro de 100 mil libras (R$ 660 mil). Documentos judiciais indicam que ele praticou crimes do tipo durante pelo menos uma década, aproveitando-se especialmente dos itens não registrados nos armazéns do museu.
A instituição britânica acusou o curador de ter vendido peças para pelo menos 45 compradores no eBay, uma espécie de Mercado Livre americano. No julgamento em andamento, três compradores que foram ao banco de testemunhas disseram que o usuário do vendedor era “sultan1996” e que ele havia se apresentando como Paul Higgins tanto no eBay e e-mail.
Tesouros perdidos
Dentre os itens que foram roubados, mas já foram recuperados, estava uma joia de ametista representando um Cupido, o deus romano do amor, montado em um golfinho. Ela foi vendida por 42 libras (R$ 277) em maio de 2016 a um comprador dos Estados Unidos. Outra era uma joia laranja de escaravelho, comprada por 170 libras (R$ 1123). O pagamento foi feito por meio de um PayPal registrado no endereço de e-mail pessoal de Higgs.
O negociante de antiguidades dinamarquês Ittai Gradel, o primeiro a alertar o museu sobre roubos, localizou artefatos vendidos a compradores de vários outros locais, incluindo Hamburgo e Colónia, na Alemanha, bem como Paris e Hong Kong. Ele próprio chegou a comprar algumas joias sem saber que da procedência, e depois as vendeu para um colecionador particular. Elas foram emprestadas ao Deutsches Edelsteinmuseum em Idar-Oberstein, Alemanha, para uma exposição.
A peça era uma cabeça rara do herói grego Hércules, do século II, feita de obsidiana, um tipo de vidro vulcânico. Estimada em milhares de libras, ela foi vendida a Gradel por apenas 300 (R$ 1.982). O vendedor disse que o item pertencia ao seu irmão, que o havia herdado de sua avó.